ANÁLISE DE CONTEÚDO NA PESQUISA QUALITATIVA

Alberto Abad

Universidade Federal de Juiz de Fora

Thais Marques Abad

Centro de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades

Resumen

La inves­ti­gación cual­i­ta­ti­va se con­sti­tuye en un cam­po muy amplio con una gran can­ti­dad de méto­dos, difer­entes dis­ci­plinas, cam­pos y temas incluyen­do vari­adas per­spec­ti­vas cual­i­ta­ti­vas e inter­pre­ta­ti­vas–, que impli­ca el estu­dio del uso y recolec­ción de una mul­ti­pli­ci­dad de mate­ri­ales para describir momen­tos y sig­nifi­ca­dos en la vida de las per­sonas. El análi­sis de con­tenido es un con­jun­to de téc­ni­cas para ver­i­ficar hipóte­sis y des­cubrir qué hay detrás del con­tenido man­i­fiesto, inter­pre­tan­do y enten­di­en­do los fenó­menos en tér­mi­nos de los sig­nifi­ca­dos que las per­sonas les dan. De tal for­ma, el obje­ti­vo de este tex­to es con­sid­er­ar las car­ac­terís­ti­cas de la Inves­ti­gación Cual­i­ta­ti­va en gen­er­al y del Análi­sis de Con­tenido en par­tic­u­lar. La metodología emplea­da se basa en una búsque­da bib­li­ográ­fi­ca descrip­ti­va que incluye libros y pub­li­ca­ciones per­iódi­cas que abor­dan los temas ante­ri­or­mente men­ciona­dos. Como resul­ta­do, se con­sid­eró la impor­tan­cia de la téc­ni­ca de análi­sis de con­tenido en la inves­ti­gación cual­i­ta­ti­va, que facili­ta la infer­en­cia del área de sig­nifi­ca­do de los entre­vis­ta­dos medi­ante pro­ced­imien­tos sis­temáti­cos y obje­tivos para describir el con­tenido de los men­sajes. Con­sideran­do que los datos de la inves­ti­gación cual­i­ta­ti­va no se recolectan, sino que se con­struyen, la inves­ti­gación cual­i­ta­ti­va nece­si­ta per­sonas pen­santes y cre­ati­vas que com­pren­dan las áreas de sig­nifi­ca­do de los entre­vis­ta­dos, es decir, las per­cep­ciones, los sig­nifi­ca­dos que le dan a las cosas y situa­ciones. Sin embar­go, el inves­ti­gador solo tiene acce­so a una parte, a una aprox­i­mación de esa área de sig­nifi­ca­do, no al área com­ple­ta, a una dimen­sión de la expe­ri­en­cia de estas personas.

Pal­abras clave: Análi­sis de Con­tenido; Inves­ti­gación Cualitativa.

Resumo

A pesquisa qual­i­ta­ti­va é um cam­po de inves­ti­gação muito amp­lo com um grande número de méto­dos, atrav­es­sa­do por diver­sas dis­ci­plinas, cam­pos e temas –incluin­do vari­adas per­spec­ti­vas qual­i­ta­ti­vas e inter­pre­ta­ti­vas–, que envolve o estu­do do uso e cole­ta de uma mul­ti­pli­ci­dade de mate­ri­ais para descr­ev­er momen­tos e sig­nifi­ca­dos na vida das pes­soas. A Análise de Con­teú­do é um con­jun­to de téc­ni­cas para a ver­i­fi­cação de hipóte­ses e a descober­ta do que está por trás dos con­teú­dos man­i­festos, inter­pre­tar e enten­der os fenô­menos em ter­mos dos sig­nifi­ca­dos que as pes­soas a eles con­fer­em. De tal modo, o obje­ti­vo desse tex­to é dis­cor­rer sobre as car­ac­terís­ti­cas da Pesquisa Qual­i­ta­ti­va em ger­al e da Análise de Con­teú­do em par­tic­u­lar. A metodolo­gia empre­ga­da está embasa­da numa pesquisa bib­li­ográ­fi­ca des­criti­va que inclui livros e pub­li­cações per­iódi­cas que abor­dam as temáti­cas ante­ri­or­mente comen­tadas. Como resul­ta­dos pon­der­ou-se a importân­cia da téc­ni­ca de análise de con­teú­do na pesquisa qual­i­ta­ti­va que facili­ta a infer­ên­cia da zona de sen­ti­do dos entre­vis­ta­dos por pro­ced­i­men­tos sis­temáti­cos e obje­tivos de descrição de con­teú­do das men­sagens. Con­sideran­do que os dados da pesquisa qual­i­ta­ti­va não se cole­tam, mas se con­stroem, a pesquisa qual­i­ta­ti­va pre­cisa de pes­soas pen­santes e cria­ti­vas que enten­dam as zonas de sen­ti­do dos entre­vis­ta­dos, ou seja, as per­cepções, os sen­ti­dos que dão às coisas e às situ­ações. Não obstante, o pesquisador só tem aces­so a uma parte, a uma aprox­i­mação dessa zona de sen­ti­do – não à zona com­ple­ta– a uma dimen­são da exper­iên­cia dessas pessoas.

Palavras chave: Análise de Con­teú­do; Pesquisa Qualitativa.

Abstract

Qual­i­ta­tive research is a broad field of inves­ti­ga­tion with dif­fer­ent meth­ods, crossed by numer­ous dis­ci­plines, fields, and themes includ­ing var­ied qual­i­ta­tive and inter­pre­ta­tive per­spec­tives, which com­pris­es the study of the use and col­lec­tion of mul­ti­ple mate­ri­als to describe moments and mean­ings in peo­ple’s lives. Con­tent Analy­sis is a set of tech­niques for check­ing hypothe­ses and dis­cov­er­ing what is behind the man­i­fest­ed con­tent, inter­pret­ing and under­stand­ing the phe­nom­e­na in terms of the mean­ings peo­ple give them. In such a way, this text aims to talk about Qual­i­ta­tive Research char­ac­ter­is­tics in gen­er­al and Con­tent Analy­sis in par­tic­u­lar. The method­ol­o­gy employed is based on a descrip­tive bib­li­o­graph­ic search that includes books and peri­od­i­cal pub­li­ca­tions that dis­cuss the themes pre­vi­ous­ly men­tioned. As a result, we con­sid­ered the impor­tance of the con­tent analy­sis tech­nique in qual­i­ta­tive research, which facil­i­tates the inter­vie­wees’ mean­ing infer­ence by sys­tem­at­ic and objec­tive pro­ce­dures for describ­ing the mes­sage con­tent. Con­sid­er­ing that qual­i­ta­tive research data is not col­lect­ed, but con­struct­ed, qual­i­ta­tive research needs think­ing and cre­ative peo­ple who under­stand the inter­vie­wees’ mean­ing areas, that is, the per­cep­tions, the mean­ings they give to things and sit­u­a­tions. Nev­er­the­less, the researcher only has access to a part, to an approx­i­ma­tion of that mean­ing area not to the hole fieldto a dimen­sion of peo­ple’s experience.

Key words: Con­tent analy­sis; Qual­i­ta­tive research. 

Introdução

Den­zin e Lin­coln, (2006) con­sid­er­am à pesquisa qual­i­ta­ti­va como um cam­po de inves­ti­gação que atrav­es­sa diver­sas dis­ci­plinas, cam­pos e temas, que pos­sui um grande número de méto­dos e abor­da­gens (entre­vista, obser­vação par­tic­i­pante, análise inter­pre­ta­ti­va etc.) que abrange momen­tos históri­cos que foram mar­ca­dos por difer­entes teo­rias epis­te­mológ­i­cas (p. ex., par­a­dig­ma pos­i­tivista, argu­men­tos pós-pos­i­tivis­tas) e que inclui vari­adas per­spec­ti­vas qual­i­ta­ti­vas e inter­pre­ta­ti­vas (her­menêu­ti­ca, fenom­e­nolo­gia, fem­i­nis­mo etc.) (Den­zin & Lin­coln, 2006). Os autores com­ple­men­tam que a pesquisa qual­i­ta­ti­va envolve o estu­do do uso e cole­ta de uma mul­ti­pli­ci­dade de mate­ri­ais empíri­cos (história de vida, tex­tos e pro­duções cul­tur­ais, tex­tos obser­va­cionais, históri­cos, inter­a­tivos e visuais etc.) para descr­ev­er os momen­tos e sig­nifi­ca­dos na vida das pessoas.

Qual­quer definição da pesquisa qual­i­ta­ti­va é uma tare­fa com­plexa dev­i­do a que sob esse rótu­lo são descritas diver­sas tendên­cias e deve anal­is­ar o par­a­dig­ma imper­ante que deter­mi­na o que é uma pesquisa e como deve ser real­iza­da. Neste intu­ito, Mon­teiro (2002) faz cin­co per­gun­tas a serem con­sid­er­adas: a primeira (ontológ­i­ca): Qual é a natureza do cognoscív­el, da real­i­dade?; a segun­da (epis­te­mológ­i­ca): qual é a natureza da relação o pesquisador ou inves­ti­gador) e o con­heci­do ou cognoscív­el?; ter­ceira (metodológ­i­ca) como o pesquisador deve procu­rar o con­hec­i­men­to?; quar­ta (éti­ca) qual é o lugar do out­ro na pro­dução do con­hec­i­men­to?; e quin­ta (políti­ca) que tipo de rela­ciona­men­to temos com o out­ro? Para quem é o conhecimento?

Alguns autores pref­er­em esta­b­ele­cer a análise do qual­i­ta­ti­vo em uma per­spec­ti­va epis­te­mológ­i­ca ou Epis­te­molo­gia Qual­i­ta­ti­va (Rey, 2013). Para eles, a pesquisa qual­i­ta­ti­va deve ser alicerça­da no cam­po históri­co ao estar integra­da em um con­jun­to de práti­cas mate­ri­ais e inter­pre­ta­ti­vas que vis­i­bi­lizam e trans­for­mam o mun­do em uma série de rep­re­sen­tações soci­ais (notas de cam­po, entre­vis­tas, con­ver­sas, fotografias, gravações, lem­bretes etc.) (Den­zin & Lin­coln, 2006). Os pesquisadores, destarte, estu­dam as coisas em seus cenários nat­u­rais com o obje­ti­vo de inter­pre­tar e enten­der os fenô­menos em ter­mos dos sig­nifi­ca­dos que as pes­soas a eles conferem.

Con­sideran­do que os dados da pesquisa qual­i­ta­ti­va não se cole­tam, mas se con­stroem, e enten­den­do a importân­cia da descrição, análise e inter­pre­tação dos dados no cam­po da pesquisa qual­i­ta­ti­va nas dis­ci­plinas humanas, o obje­ti­vo deste tex­to é dis­cor­rer sobre as car­ac­terís­ti­cas da Pesquisa Qual­i­ta­ti­va em ger­al, e da Análise de Con­teú­do em par­tic­u­lar. Para isso, ini­ciar-se‑á com uma análise entre a pesquisa qual­i­ta­ti­va e quan­ti­ta­ti­va, a seguir, uti­lizan­do o ter­mo de Lévi-Strauss bricoleur, comen­tar-se-ão as car­ac­terís­ti­cas gerais da pesquisa qual­i­ta­ti­va e os delin­ea­men­tos gerais nas ciên­cias soci­ais, para final­mente comen­tar a téc­ni­ca de análise de conteúdo.

Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

Quan­do a pesquisa qual­i­ta­ti­va retornou com força, no final dos anos 1960, mas, prin­ci­pal­mente, na metade dos anos 1970, seus par­tidários pre­tendi­am que ela apre­sen­tasse car­ac­terís­ti­cas par­tic­u­lares; na opinião de seus pro­mo­tores mais zelosos, a pesquisa qual­i­ta­ti­va recor­ria a téc­ni­cas que a difer­en­ci­avam, rad­i­cal­mente, da pesquisa quan­ti­ta­ti­va (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992).

Os pesquisadores do mod­e­lo qual­i­ta­ti­vo têm sido denom­i­na­dos injus­ta­mente como cien­tis­tas das soft sci­ences, como pro­du­tores de um tra­bal­ho não-cien­tí­fi­co sub­je­ti­vo e explo­ratório sem nen­hum méto­do para ver­i­ficar a ver­dade obje­ti­va e, por­tan­to, como escritores de ficção e não de tex­tos cien­tí­fi­cos (Den­zin & Lin­coln, 2006). Em con­traste, os pesquisadores no mod­e­lo qual­i­ta­ti­vo têm segui­do um con­ceito de ciên­cia cen­tra­do na acu­mu­lação de dados quan­tificáveis e suscetíveis de ver­i­fi­cação ime­di­a­ta uti­lizan­do estatís­ti­ca e evidên­cias observáveis (Rey, 2013).

Além do ante­ri­or, a infor­mação é a fre­quên­cia com que surgem cer­tas car­ac­terís­ti­cas de con­teú­do mostram as difer­enças entre as abor­da­gens quan­ti­ta­ti­va e qual­i­ta­ti­va. Nes­ta, o foco está na pre­sença ou a ausên­cia da car­ac­terís­ti­ca num deter­mi­na­do frag­men­to de men­sagem, naque­la, procu­ra-se a fre­quên­cia com que surgem cer­tas car­ac­terís­ti­cas do con­teú­do (Bardin, 1977). Assim, essa neces­si­dade de quan­tificar, medir e ver­i­ficar, tem enfa­ti­za­do o instru­men­tal­is­mo do proces­so de cole­ta de infor­mação nas ciên­cias soci­ais que resul­ta em um debate teóri­co-epis­te­mológi­co ao falar de metodolo­gia qual­i­ta­ti­va (Rey, 2013). Sem essa revisão epis­te­mológ­i­ca, existe o risco de legit­i­mar o qual­i­ta­ti­vo por meio dos instru­men­tos utilizados.

A Epis­te­molo­gia Qual­i­ta­ti­va, em breve, defende o caráter con­stru­ti­vo inter­pre­ta­ti­vo do con­hec­i­men­to, a ênfase está em com­preen­der o con­hec­i­men­to não como uma apro­pri­ação lin­ear da real­i­dade e sim como uma con­strução, como uma pro­dução humana (Rey, 2013). O ter­mo “qual­i­ta­ti­vo” enfa­ti­za as qual­i­dades, proces­sos e sig­nifi­ca­dos que não são exam­i­na­dos ou medi­dos exper­i­men­tal­mente em ter­mos de fre­quên­cia, inten­si­dade, quan­ti­dade ou vol­ume (Den­zin & Lin­coln, 2006). O con­hec­i­men­to se legit­i­ma na sua capaci­dade de ger­ar novas zonas de intel­igi­bil­i­dade e da artic­u­lação de mod­e­los úteis para a pro­dução de novos con­hec­i­men­tos (Rey, 2013), assim o pesquisador qual­i­ta­ti­vo obser­va como a exper­iên­cia social é cri­a­da e adquire sig­nifi­ca­do em uma óti­ca con­trária à frag­men­tação arbi­trária da real­i­dade através de pro­ced­i­men­tos exper­i­men­tais e estatísticos.

Rey (2013) con­sid­era que a legit­i­mação do sin­gu­lar como instân­cia de pro­dução do con­hec­i­men­to cien­tí­fi­co e o ato de com­preen­der a pesquisa como um proces­so de comu­ni­cação, um proces­so dialógi­co são out­ras das car­ac­terís­ti­cas da Epis­te­molo­gia Qual­i­ta­ti­va. O autor expli­ca que nas ciên­cias soci­ais criou-se a expec­ta­ti­va de que a pesquisa deve ser legit­i­ma­da por proces­sos de sig­nifi­cação estatís­ti­ca ou pela obser­vação e ver­i­fi­cação per­ante aqui­lo que se repete em situ­ações sim­i­lares, numa ênfase na nor­mal­iza­ção excluin­do o idiossincrático.

… a pesquisa qual­i­ta­ti­va como um proces­so de con­strução dinâmi­co, no qual as hipóte­ses do pesquisador estão asso­ci­adas a um mod­e­lo teóri­co que man­tém uma con­stante ten­são com o momen­to empíri­co e cuja legit­im­i­dade está na capaci­dade do mod­e­lo para ampli­ar tan­to suas alter­na­ti­vas de intel­igi­bil­i­dade sobre o estu­do como seu per­ma­nente apro­fun­da­men­to em com­preen­der a real­i­dade estu­da­da como sis­tema (Rey, 2013, p. 13)

Beck­er (1996) con­sid­era que a pesquisa qual­i­ta­ti­va difere da quan­ti­ta­ti­va em cin­co aspec­tos: 1) nos usos do pos­i­tivis­mo (existe uma real­i­dade lá fora para ser estu­da­da, cap­ta­da e com­preen­di­da) e do pós-pos­i­tivis­mo (a real­i­dade nun­ca pode ser ple­na­mente apreen­di­da, ape­nas aprox­i­ma­da); 2) a aceitação das sen­si­bil­i­dades pós-mod­er­nas (con­sid­er­am que os critérios pos­i­tivis­tas e pós-pos­i­tivis­tas repro­duzem ape­nas um cer­to tipo de ciên­cia que silen­cia um enorme número de vozes – nomoteti­cis­mo – ideografi­cis­mo); 3) uma for­ma de cap­tar o pon­to de vista do indi­ví­duo; 4) um exame das lim­i­tações do cotid­i­ano (pos­tu­ra ideográ­fi­ca); e, 5) garan­tia da riqueza das descrições.

Assim, a difer­en­cia dos mod­e­los matemáti­cos, grá­fi­cos e tabelas estatís­ti­cas resum­i­dos em uma prosa impes­soal em ter­ceira pes­soa empre­ga­dos pelos pesquisadores quan­ti­ta­tivos, os qual­i­ta­tivos uti­lizam nar­ra­ti­vas históri­c­as, mate­ri­ais biográ­fi­cos e auto­bi­ográ­fi­cos escritos, geral­mente em primeira pes­soa (Den­zin & Lin­coln, 2006).

O pesquisador qualitativo como bricoleur

Lévi-Strauss em seu livro “O Pen­sa­men­to Sel­vagem” (1962) empre­gou o ter­mo brico­lage para descr­ev­er uma con­strução espon­tânea sem rig­or cien­tí­fi­co que assume novas for­mas através do tem­po e através de uma diver­si­dade de rep­re­sen­tações e inter­pre­tações (p. ex., a mitolo­gia descreve o mun­do através de metá­foras e nar­ra­ti­vas). Den­zin e Lin­coln, (2006) argu­men­tam que exis­tem, na pesquisa qual­i­ta­ti­va, exis­tem muitos tipos de bricoleurs (inter­pre­ta­ti­vo, nar­ra­ti­vo, teóri­co, políti­co etc.) que reúnem peças mon­tadas que se encaix­am nas especi­fi­ci­dades de uma situ­ação com­plexa. De tal modo, a pesquisa qual­i­ta­ti­va exige uma tri­an­gu­lação de méto­dos, teo­rias e metodolo­gias difer­entes (a maneira de brico­lagem) e deve con­sid­er­ar o con­tex­to, a história pes­soal, o gênero, a etni­ci­dade, a classe social (Den­zin & Lin­coln, 2006) para com­preen­der o fenô­meno anal­isa­do. A tri­an­gu­lação serve como uma alter­na­ti­va para a val­i­dação (Flick, 1998).

Con­tu­do, a pesquisa qual­i­ta­ti­va não pos­sui uma metodolo­gia própria, não priv­i­le­gia nen­hu­ma úni­ca práti­ca metodológ­i­ca em relação a out­ra e, ao ser empre­ga­da em muitas dis­ci­plinas dis­tin­tas, não per­tence a uma úni­ca dis­ci­plina (Den­zin & Lin­coln, 2006). Por­tan­to, há difi­cul­dades para esta­b­ele­cer uma definição ao ser um cam­po inter­dis­ci­pli­nar e trans­dis­ci­pli­nar com foco mul­ti­par­a­dig­máti­co que inclui diver­sas áreas do con­hec­i­men­to (p. ex., humanidades, ciên­cias soci­ais e ciên­cias exatas) (Nel­son, Tre­ich­ler & Gross­berg, 1992).

Delineamento

Alguns autores dis­tinguem cin­co tipos de delin­ea­men­tos nas ciên­cias soci­ais: o estu­do de caso, a com­para­ção mul­ti-caso, a exper­i­men­tação no cam­po, a exper­i­men­tação em lab­o­ratório e a sim­u­lação por com­puta­dor, cada um apre­sen­tan­do ele­men­tos dis­tin­tivos (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992) que devem ser alicerça­dos nos obje­tivos da pesquisa e da parcimô­nia dos meios (Sell­tiz. Wrights­man & Cook, 1977). Out­ros autores con­sid­er­am seis delin­ea­men­tos: o estu­do des­criti­vo, análise nor­ma­ti­va, análise trans sec­cional, análise lon­gi­tu­di­nal, estu­dos que fun­cionam com indi­cadores cul­tur­ais (con­sideran­do mul­ti­plex con­tex­tos por lon­gos perío­dos de tem­po, e delin­ea­men­tos para­le­los com­bi­nan­do anális­es lon­gi­tu­di­nais com out­ros dados lon­gi­tu­di­nais (pesquisas de opinião, entre­vis­tas etc.) (Bauer, 2002).

O delin­ea­men­to de pesquisa varia com base na inter­ação dos dados e do tipo de análise; os dados quan­ti­ta­tivos podem ser anal­isa­dos de modo quan­ti­ta­ti­vo ou qual­i­ta­ti­vo (p. ex., a análise de dis­cur­so), ou os dados qual­i­ta­tivos de modo quan­ti­ta­ti­vo ou qual­i­ta­ti­vo (rep­re­sen­tan­do a maio­r­ia dos delin­ea­men­tos da pesquisa qual­i­ta­ti­va) (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992). Con­tu­do, a metodolo­gia da pesquisa qual­i­ta­ti­va pos­sui for­t­alezas (p. ex., não pode ser real­iza­da de for­ma exper­i­men­tal por razões práti­cas ou éti­cas) e for­t­alezas (p ex., as pesquisas des­criti­vas e explo­ratórias; estu­dos do cotid­i­ano e do ordinário; o estu­do do tran­sitório; o estu­do do sen­ti­do da ação) (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992)].

Deslau­ri­ers e Kérisit (1992) anal­isam as difer­entes eta­pas do proces­so da pesquisa qual­i­ta­ti­va que têm car­ac­terís­ti­cas difer­en­ci­adas: no tocante a seu obje­to, este geral­mente se con­strói pro­gres­si­va­mente a par­tir da inter­ação com os dados cole­ta­dos e a análise destes, sendo, por­tan­to, uma abor­dagem difer­ente à hipotéti­co-dedu­ti­va. Este tipo de pesquisa evi­ta tomar como pon­to de par­ti­da uma teo­ria sim­pli­fi­cado­ra (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992). Para ess­es autores, dev­i­do a cole­ta de dados ser real­iza­da em cam­po, há de respeitar as car­ac­terís­ti­cas do meio social (critério da éti­ca) que respei­ta o tipo de amostra (geral­mente de tipo não prob­a­bilís­ti­co que se con­sti­tui em função das car­ac­terís­ti­cas que o pesquisador pre­tende anal­is­ar (amostra por cotas, amostra aci­den­tal, amostra bola de neve etc.)

Fina­mente a análise dos dados procu­ra encon­trar um sen­ti­do para os dados cole­ta­dos e demon­strar como estão rela­ciona­dos ao prob­le­ma de pesquisa, destarte, ocu­pan­do um lugar desta­ca­do na pesquisa qual­i­ta­ti­va (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992). Pode-se mes­mo diz­er que a ren­o­vação que a pesquisa qual­i­ta­ti­va con­heceu no decor­rer dos últi­mos anos se deve aos pro­gres­sos real­iza­dos na análise de dados (Deslau­ri­ers & Kérisit, 1992). De fato, os pro­gres­sos real­iza­dos na análise de dados têm ala­van­ca­do o desen­volvi­men­to da pesquisa qual­i­ta­ti­va (Glaser & Strauss, 1967).

Análise de Conteúdo

Minayo, Des­lan­des e Gomes (2001) con­sid­er­am que a análise de con­teú­do, na atu­al­i­dade é com­preen­di­da como um con­jun­to de téc­ni­cas com suas funções prin­ci­pais na sua apli­cação: a ver­i­fi­cação de hipóte­ses e a descober­ta do que está por trás dos con­teú­dos man­i­festos (de Souza Minayo, Des­lan­des & Gomes, 2001). Os empre­gos destas téc­ni­cas são vari­a­dos (análise de tex­tos, iden­ti­fi­cação do esti­lo de um escritor, análise de depoi­men­tos etc.), desta­can­do a análise e inter­pre­tação dos fenô­menos sociais.

Neste sen­ti­do, Gomes (2007), no intu­ito de inter­pre­tar e enten­der os fenô­menos soci­ais con­sid­era impre­scindív­el recon­hecer que a final­i­dade da análise e da inter­pre­tação na pesquisa qual­i­ta­ti­va é a explo­ração do con­jun­to de rep­re­sen­tações soci­ais sobre o tema que se dese­ja estu­dar; o autor ain­da dis­corre que ao anal­is­ar e inter­pre­tar as infor­mações resul­tantes da pesquisa qual­i­ta­ti­va é impor­tante dar atenção tan­to ao que é homogê­neo quan­to no het­erogê­neo den­tro de um mes­mo meio social (Gomes, 2007).

Segun­do Wol­cott (1994), as difer­enças con­ceitu­ais entre os ter­mos análise, inter­pre­tação e descrição são essen­ci­ais. Para o autor, a descrição das infor­mações ou das opiniões dos entre­vis­ta­dos deve ser apre­sen­ta­da da maneira mais fiel pos­sív­el. Pos­te­ri­or­mente, a análise dessas infor­mações obje­ti­va ir além dessa primeira descrição. Já na inter­pre­tação bus­cam-se sen­ti­dos das ações e das falas para explicar ou com­preen­der além do descrito e anal­isa­do (Wol­cott, 1994).

Assim, a análise de con­teú­do con­sid­era-se como um “con­jun­to de téc­ni­cas de análise das comu­ni­cações visan­do obter, por pro­ced­i­men­tos sis­temáti­cos e obje­tivos de descrição de con­teú­do das men­sagens, indi­cadores (quan­ti­ta­tivos ou não) que per­mitem a infer­ên­cia de con­hec­i­men­tos rel­a­tivos às condições de predição/recepção (var­iáveis inferi­das) destas men­sagens (Bardin, 1977, p. 42). Nada obstante, o uso e apli­cação deste con­jun­to de téc­ni­cas é muito vari­a­do como exem­pli­fi­ca­do por Gomes (2007) a par­tir do códi­go e suporte: lin­guís­ti­co-escrito (p. ex., agen­da, car­tas, jor­nais), lin­guís­ti­co-oral (son­hos, entre­vis­tas, palestras etc.), icono­grá­fi­co (ima­gens, filmes, car­tazes etc.) e out­ros códi­gos semi­óti­cos (dança, ves­tuário, músi­ca etc.).

Den­tre as téc­ni­cas que são uti­lizadas para anal­is­ar con­teú­dos, é pos­sív­el citar a análise rep­re­senta­cional (ati­tudes do locu­tor quan­to aos obje­tos de que fala), a análise de expressão (traços pes­soais do autor que fala), a análise de enun­ci­ação (pro­dução da palavra, estru­turas gra­mat­i­cais, orga­ni­za­ção do dis­cur­so, fig­uras retóri­c­as) (Gomes, 2007), análise das relações (relações que os ele­men­tos do tex­to man­têm entre si), ape­sar dis­so, desta­ca-se: a análise cat­e­go­r­i­al que fun­ciona medi­ante o desmem­bra­men­to do tex­to em unidades (cat­e­go­rias); den­tre as difer­entes pos­si­bil­i­dades de cat­e­go­riza­ção, a análise dos con­teú­dos é a mais efe­ti­va para inves­ti­gar as sig­nifi­cações man­i­fes­tas (Bardin, 1977). A análise de con­teú­do con­sid­era o tema como a unidade de sig­nifi­cação do tex­to anal­isa­do e con­siste na descober­ta de núcleos de sen­ti­do que con­stituem a comu­ni­cação e cuja fre­quên­cia de aparição tem sig­nifi­ca­do para o obje­ti­vo analíti­co (Bardin, 1977).

Procedimentos metodológicos e organização da análise de conteúdo

Gomes (2007) enu­mera qua­tro pro­ced­i­men­tos metodológi­cos da análise de con­teú­do: cat­e­go­riza­ção (descom­por o mate­r­i­al em partes e dis­tribui-las em cat­e­go­rias); descrição do resul­ta­do da cat­e­go­riza­ção; infer­ên­cia dos resul­ta­dos; e inter­pre­tação (com auxílio da fun­da­men­tação teóri­ca ado­ta­da) (Gomes, 2007). Por seu lado, Bardin (1977) e Minayo (2001) enun­ci­am três fas­es da análise de con­teú­do: pré-análise; explo­ração do mate­r­i­al; e trata­men­to dos resul­ta­dos, a infer­ên­cia e interpretação.

Pré-análise

Con­sideran­do as três for­mas de trata­men­to dos dados qual­i­ta­tivos (análise, inter­pre­tação e descrição) não são mutu­a­mente exclu­dentes, ou seja, que não exis­tem fron­teiras entre a cole­tas das infor­mações, a sua análise e inter­pre­tação (Gomes, 2007) é necessário sis­tem­ati­zar e opera­cionalizar as ideias ini­ci­ais para con­duzir um esque­ma pre­ciso do desen­volvi­men­to das oper­ações suces­si­vas, num plano de análise (Bardin, 1977).

Neste sen­ti­do, os obje­tivos da pré-análise são: escol­her os doc­u­men­tos a serem sub­meti­dos à análise; for­mu­lação das hipóte­ses e dos obje­tivos; e a elab­o­ração de indi­cadores que fun­da­mentem a inter­pre­tação final (Bardin, 1977). Con­tu­do na definição do cam­po do cor­pus é impor­tante seguir algu­mas dire­trizes: exaus­tivi­dade (é pre­ciso terem-se em con­ta todos os ele­men­tos desse cor­pus), rep­re­sen­ta­tivi­dade (caso se uti­lize uma amostra esta deve ser parte rep­re­sen­ta­ti­va do uni­ver­so ini­cial), homo­genei­dade (os doc­u­men­tos reti­dos devem obe­de­cer a critérios pre­cisos de escol­ha), e per­t­inên­cia (os doc­u­men­tos reti­dos devem ser ade­qua­dos, enquan­to fonte de infor­mação e hão de cor­re­spon­der ao obje­ti­vo) (Bardin 1977).

Uma vez definido o cam­po do cor­pus, e for­mu­ladas as hipóte­ses e obje­tivos, o seguinte pas­so é a elab­o­ração e orga­ni­za­ção sis­temáti­ca de indi­cadores (Bardin, 1977) con­sideran­do que a téc­ni­ca de análise temáti­ca con­siste em desco­brir estes indi­cadores – ou núcleos de sen­ti­do – pre­sentes na comu­ni­cação e cuja pre­sença pos­sui importân­cia analíti­ca para o obje­ti­vo da pesquisa (Gomes, 2007). Neste momen­to, com base nos obje­tivos da pesquisa, é pre­ciso definir a unidade de reg­istro, a unidade de con­tex­to, os tre­chos sig­ni­fica­tivos e as cat­e­go­rias (de Souza Minayo, Des­lan­des & Gomes, 2001).

As unidades de reg­istro se obtêm quan­do a men­sagem é descom­pos­ta em ele­men­tos sig­ni­fica­tivos (palavra, frase, oração, tema etc.), já as unidades de con­tex­to rep­re­sen­tam uma refer­ên­cia mais ampla para a comu­ni­cação (Bardin, 1977). Cada unidade de reg­istro se deve ajus­tar a um códi­go, sendo este úni­co para essa unidade. O ref­er­en­cial de cod­i­fi­cação é um modo sis­temáti­co de com­para­ção com o qual o pesquisador tra­ta os mate­ri­ais e con­segue as respostas (Bauer, 2002).

A cat­e­go­riza­ção é defini­da por Bardin (1977) como a clas­si­fi­cação de ele­men­tos car­ac­terís­ti­cos de um con­jun­to – por difer­en­ci­ação e rea­gru­pa­men­to – com critérios pre­vi­a­mente definidos. As cat­e­go­rias reúnem um grupo de ele­men­tos (unidades de reg­istro). Adi­cional­mente, o critério de cat­e­go­riza­ção pode ser semân­ti­co (cat­e­go­rias temáti­cas), sin­táti­co (ver­bos, adje­tivos etc.), léx­i­co (empar­el­hamen­to de sinón­i­mos e sen­ti­dos próx­i­mos) e expres­si­vo (Bardin, 1977). O mate­r­i­al reunido deve ser prepara­do (tran­scrição das entre­vis­tas, fichamen­to de arti­gos e livros, ade­quação infor­máti­ca dos con­teú­dos etc.).

Exploração do material

Esta fase, con­siste fun­da­men­tal­mente em cod­i­ficar, descon­tar e enu­mer­ar o mate­r­i­al em função de regras pre­vi­a­mente for­mu­ladas (Bardin, 1977). De tal modo, se elab­o­ram as cat­e­go­rias pro­pri­a­mente ditas, as quais podem ser cri­adas a pri­ori (antes da análise), a pos­te­ri­ori (per­mitin­do que a análise de con­teú­do do mate­r­i­al deixe emer­gir essas cat­e­go­rias), ou inclu­sive, uma análise híbrida.

Tratamento dos resultados, inferência e interpretação

Esta fase da pesquisa geral­mente ocorre a par­tir de princí­pios de um trata­men­to quan­ti­ta­ti­vo (de Souza Minayo, Des­lan­des & Gomes, 2001). Os resul­ta­dos bru­tos são trata­dos de maneira a serem sig­ni­fica­tivos e váli­dos, uti­lizan­do a estatís­ti­ca sim­ples (per­cent­a­gens) ou com­plexa (análise fato­r­i­al) e podem ser rep­re­sen­ta­dos em digra­mas, fig­uras e mod­e­los (Bardin, 1977).

A infer­ên­cia dess­es resul­ta­dos sug­ere par­tir de pre­mis­sas pre­vi­a­mente aceitas a par­tir de out­ras inves­ti­gações sobre o assun­to anal­isa­do (Gomes, 2007). Nesse sen­ti­do, Bardin (1977) acon­sel­ha que o pesquisador ela­bore per­gun­tas que facilitem a infer­ên­cia dess­es resul­ta­dos: quem diz o quê, a quem e para que? (Gomes, 2007). O autor define as infer­ên­cias como deduções lóg­i­cas que além de descr­ev­er os dados, procu­ra a men­sagem implíci­ta por traz do mate­r­i­al anal­isa­do (Bardin, 1977).

Por­tan­to, den­tre as car­ac­terís­ti­cas da análise de con­teú­do Bauer (2002) salien­ta a pos­si­bil­i­dade de pro­duzir infer­ên­cias a par­tir de um tex­to focal para seu con­tex­to social o qual pode ser tem­po­ral­mente inacessív­el ao pesquisador. O autor acres­cen­ta: ao con­sid­er­ar os obje­tivos da análise de con­teú­do com base no caráter triple da medi­ação sim­bóli­ca (o sím­bo­lo rep­re­sen­ta o mun­do, esta rep­re­sen­tação pre­cisa de uma fonte que faz ape­lo a um públi­co), ao focar­mos na fonte, o tex­to é um médio de expressão que alo­ca ao públi­co e ao con­tex­to como foco da infer­ên­cia (Bauer, 2002). Out­rossim, a infer­ên­cia impli­ca a recon­strução das rep­re­sen­tações a par­tir da dimen­são sin­táti­ca (com­bi­nação dos sig­nos) para a dimen­são semân­ti­ca (sen­ti­do das palavras e inter­pre­tação dos enun­ci­a­dos) (Gomes, 2007).

No que tange à inter­pre­tação – a par­tir de uma fun­da­men­tação metodológ­i­ca – o pesquisador vá além do mate­r­i­al – procu­ra atribuir um grau de sig­nifi­cação mais ampla aos con­teú­dos que foram anal­isa­dos (Gomes, 2007). Um sig­nifi­ca­do que rela­ciona as estru­turas semân­ti­cas – ou em ter­mos de Saus­sure (2008), sig­nif­i­cantes – e as estru­turas soci­ológ­i­cas pre­sentes na men­sagem (sig­nifi­ca­dos) (Gomes, 2007). Em resumo, a inter­pre­tação é real­iza­da no momen­to de sin­te­ti­zar a per­spec­ti­va teóri­ca ado­ta­da, as questões e obje­tivos de pesquisa, os resul­ta­dos obti­dos, e as infer­ên­cias real­izadas (Gomes, 2007).

Considerações Finais

O con­jun­to de téc­ni­cas incluí­das den­tro da Análise de Con­teú­do pos­suem um poten­cial de apli­cação den­tro da Pesquisa Qual­i­ta­ti­va ao facil­i­tar a infer­ên­cia da zona de sen­ti­do dos entre­vis­ta­dos por pro­ced­i­men­tos sis­temáti­cos e obje­tivos de descrição de con­teú­do das men­sagens. Con­sideran­do que os dados da pesquisa qual­i­ta­ti­va não se cole­tam, mas se con­stroem, a pesquisa qual­i­ta­ti­va pre­cisa de pes­soas pen­santes e cria­ti­vas que enten­dam as zonas de sen­ti­do dos entre­vis­ta­dos, ou seja, as per­cepções, os sen­ti­dos que dão às coisas e às situ­ações. Não obstante, o pesquisador só tem aces­so a uma parte, a uma aprox­i­mação dessa zona de sen­ti­do – não à zona com­ple­ta – a uma dimen­são da exper­iên­cia dessas pessoas.

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