EXPLORANDO A IDENTIDADE SOCIAL: FATORES E INFLUÊNCIAS

Alberto Abad

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Resumo

O arti­go explo­ra a relevân­cia da iden­ti­dade social em vários con­tex­tos, anal­isan­do suas impli­cações teóri­c­as e práti­cas. Ele inves­ti­ga como a iden­ti­dade social afe­ta as relações inter­gru­pais, estereóti­pos e dis­crim­i­nação, bus­can­do com­preen­der suas bases cog­ni­ti­vas e com­por­ta­men­tais. Os pres­su­pos­tos da Teo­ria da Iden­ti­dade Social são dis­cu­ti­dos, desta­can­do a bus­ca por um auto­con­ceito pos­i­ti­vo e a importân­cia das com­para­ções soci­ais na avali­ação dos gru­pos. Tam­bém exam­i­na a diver­si­dade de iden­ti­dades soci­ais e seu impacto nas ati­tudes inter­gru­pais. O papel dos estereóti­pos na estrat­i­fi­cação social é enfa­ti­za­do, assim como a influên­cia da cul­tura na for­mação das iden­ti­dades soci­ais. Estraté­gias para pro­mover a inclusão e reduzir o pre­con­ceito são abor­dadas, recon­hecen­do a com­plex­i­dade e a flu­idez da iden­ti­dade social. Lim­i­tações do estu­do incluem a neces­si­dade de con­sid­er­ar abor­da­gens inter­sec­cionais para uma com­preen­são mais com­ple­ta das relações intergrupais.

Palavras-chave: iden­ti­dade social, relações inter­gru­pais, estereótipos.

Resumen

El artícu­lo explo­ra la rel­e­van­cia de la iden­ti­dad social en var­ios con­tex­tos, anal­izan­do sus impli­ca­ciones teóri­c­as y prác­ti­cas. Inves­ti­ga cómo la iden­ti­dad social afec­ta las rela­ciones inter­gru­pales, los estereoti­pos y la dis­crim­i­nación, bus­can­do com­pren­der sus bases cog­ni­ti­vas y com­por­ta­men­tales. Se dis­cuten los supuestos de la Teoría de la Iden­ti­dad Social, desta­can­do la búsque­da de un auto­con­cep­to pos­i­ti­vo y la impor­tan­cia de las com­para­ciones sociales en la eval­u­ación de los gru­pos. Tam­bién exam­i­na la diver­si­dad de iden­ti­dades sociales y su impacto en las acti­tudes inter­gru­pales. Se enfa­ti­za el papel de los estereoti­pos en la estrat­i­fi­cación social, así como la influ­en­cia de la cul­tura en la for­ma­ción de las iden­ti­dades sociales. Se abor­dan estrate­gias para pro­mover la inclusión y reducir el pre­juicio, recono­cien­do la com­ple­ji­dad y flu­idez de la iden­ti­dad social. Las lim­ita­ciones del estu­dio incluyen la necesi­dad de con­sid­er­ar enfo­ques inter­sec­cionales para una com­pren­sión más com­ple­ta de las rela­ciones intergrupales.

Pal­abras clave: iden­ti­dad social, rela­ciones inter­gru­pales, estereotipos.

Abstract

The arti­cle explores the rel­e­vance of social iden­ti­ty in var­i­ous con­texts, ana­lyz­ing its the­o­ret­i­cal and prac­ti­cal impli­ca­tions. Inves­ti­gates how social iden­ti­ty affects inter­group rela­tions, stereo­types and dis­crim­i­na­tion, seek­ing to under­stand their cog­ni­tive and behav­ioral bases. The assump­tions of Social Iden­ti­ty The­o­ry are dis­cussed, high­light­ing the search for a pos­i­tive self-con­cept and the impor­tance of social com­par­isons in the eval­u­a­tion of groups. It also exam­ines the diver­si­ty of social iden­ti­ties and their impact on inter­group atti­tudes. The role of stereo­types in social strat­i­fi­ca­tion is empha­sized, as well as the influ­ence of cul­ture in the for­ma­tion of social iden­ti­ties. Strate­gies to pro­mote inclu­sion and reduce prej­u­dice are addressed, rec­og­niz­ing the com­plex­i­ty and flu­id­i­ty of social iden­ti­ty. Lim­i­ta­tions of the study include the need to con­sid­er inter­sec­tion­al approach­es for a more com­plete under­stand­ing of inter­group relations.

Key­words: social iden­ti­ty, inter­group rela­tions, stereotypes.

Nat­u­ral­mente, os seres humanos são seres soci­ais, par­tic­i­pan­do con­stan­te­mente de inter­ações soci­ais e se afil­ian­do a diver­sos gru­pos. Ess­es gru­pos desem­pen­ham um papel cru­cial na for­mação da per­cepção que os indi­ví­du­os têm de si mes­mos e dos out­ros, exercendo influên­cia sobre suas ati­tudes, com­por­ta­men­tos e rela­ciona­men­tos entre os gru­pos. O con­ceito de iden­ti­dade social abrange a parte do auto­con­ceito de um indi­ví­duo que se orig­i­na de sua asso­ci­ação a gru­pos soci­ais específicos.

O auto­con­ceito desem­pen­ha um papel essen­cial na con­strução da iden­ti­dade social. Como desta­ca­do por Brown (1998), vai além de ser ape­nas um repositório de infor­mações auto­bi­ográ­fi­cas, rep­re­sen­tan­do a maneira como uma pes­soa se percebe. Ele desem­pen­ha um papel cru­cial na orga­ni­za­ção de exper­iên­cias pas­sadas e pre­sentes, fornecen­do respostas para questões como “Quem sou eu?” e “Como me encaixo no mun­do?”. Pode ser con­sid­er­a­do um mapa detal­ha­do que ori­en­ta a expressão indi­vid­ual de alguém (Kruglan­s­ki & Hig­gins, 2007).

Ao mes­mo tem­po, a for­mação da iden­ti­dade social está intrin­se­ca­mente lig­a­da à pertença a gru­pos. Ess­es gru­pos podem ser for­ma­dos com base em diver­sos fatores, como raça, etnia, gênero, religião, nacional­i­dade ou até mes­mo inter­ess­es e hob­bies com­par­til­ha­dos. Por meio da iden­ti­dade social, os indi­ví­du­os desen­volvem um sen­so de per­tenci­men­to e iden­ti­fi­cação com seus gru­pos. Esse sen­so de pertença exerce uma influên­cia sig­ni­fica­ti­va sobre os pen­sa­men­tos, emoções e ações das pes­soas, moldan­do suas inter­ações soci­ais e sua visão de si mes­mas den­tro dessas comunidades.

Este artícu­lo tem como obje­ti­vo explo­rar a importân­cia da iden­ti­dade social em difer­entes domínios, exam­i­nan­do os fun­da­men­tos teóri­cos, evidên­cias empíri­c­as e impli­cações práti­cas. Bus­ca-se apri­morar a com­preen­são do pro­fun­do impacto da iden­ti­dade social na cog­nição humana, com­por­ta­men­to e dinâmi­ca social. Neste sen­ti­do, estu­dar a iden­ti­dade social é cru­cial por várias razões:

  • Primeira­mente, per­mite-nos com­preen­der os mecan­is­mos sub­ja­centes às relações inter­gru­pais, estereóti­pos, pre­con­ceito e dis­crim­i­nação. Ao inves­ti­gar a for­mação, manutenção e con­se­quên­cias da iden­ti­dade social, obte­mos insights sobre como e por que as pes­soas desen­volvem vín­cu­los com gru­pos especí­fi­cos e como ess­es vín­cu­los moldam as dinâmi­cas intergrupais.
  • Em segun­do lugar, a pesquisa sobre iden­ti­dade social tem apli­cações práti­cas em diver­sos domínios, como edu­cação, orga­ni­za­ções e relações inter­cul­tur­ais. Ela infor­ma estraté­gias e inter­venções voltadas para pro­mover a inclusão, reduzir o viés e fomen­tar inter­ações inter­gru­pais positivas.

A per­gun­ta cen­tral que ori­en­ta este artícu­lo é: Como a iden­ti­dade social influ­en­cia as ati­tudes, com­por­ta­men­tos e relações inter­gru­pais indi­vid­u­ais? Ao explo­rar essa questão, bus­ca-se com­preen­der o papel da iden­ti­dade social na for­mação da per­cepção, jul­ga­men­tos e inter­ações dos indi­ví­du­os den­tro e entre gru­pos. Além dis­so, pre­tende-se inves­ti­gar as condições em que a iden­ti­dade social se tor­na saliente e afe­ta o auto­con­ceito e o com­por­ta­men­to dos indi­ví­du­os. Será exam­i­na­do como a iden­ti­dade social influ­en­cia as ati­tudes inter­gru­pais e for­mação de estereótipos.

Aspectos gerais

Turn­er e Oakes (1986) con­sid­er­am que o obje­ti­vo cen­tral da psi­colo­gia social é resolver cien­tifi­ca­mente o para­doxo de inte­grar dois domínios bas­tante dis­tin­tos de fenô­menos: o psi­cológi­co, rela­ciona­do às pro­priedades men­tais do indi­ví­duo, e o social, que envolve proces­sos, pro­priedades e pro­du­tos resul­tantes das inter­re­lações entre os indi­ví­du­os. Nesse sen­ti­do, as teo­rias da iden­ti­dade social his­tori­ca­mente assumi­ram uma dis­tinção entre o “eu” definido pelas pertenças a gru­pos (o “eu” cole­ti­vo ou social) e o “eu” definido indi­vid­ual­mente (o “eu” pri­va­do). Todos os indi­ví­du­os podem e se definem de ambas as maneiras, alter­nan­do entre os níveis de autodefinição depen­den­do das pis­tas con­tex­tu­ais soci­ais sobre qual nív­el é rel­e­vante ou útil no momen­to (Turn­er & Oakes, 1986).

Mar­i­lynn Brew­er (1991) explo­ra a dis­tinção históri­ca da teo­ria da iden­ti­dade social, que tem lev­a­do à sua má inter­pre­tação. Ini­cial­mente, a teo­ria foi intro­duzi­da nos Esta­dos Unidos como uma teo­ria do “eu”, lim­i­tan­do as iden­ti­dades soci­ais aos aspec­tos do auto­con­ceito indi­vid­ual. No entan­to, a con­ceitu­ação europeia vai além do nív­el indi­vid­ual, amplian­do o con­ceito de “eu” (Brew­er, 1991). A Figu­ra 1 apre­sen­ta uma rep­re­sen­tação esquemáti­ca da teo­ria da iden­ti­dade social.

Figura 1 Identidades pessoal e social (adaptado de Brewer, 1991).

Brew­er (1991) explana que os cír­cu­los con­cên­tri­cos rep­re­sen­tam difer­entes níveis de exclu­sivi­dade nas definições do “eu” den­tro de um domínio especí­fi­co. A auto­ra con­sid­era que a iden­ti­dade pes­soal se ref­ere ao “eu” indi­vid­u­al­iza­do – as car­ac­terís­ti­cas que dis­tinguem um indi­ví­duo dos out­ros den­tro de um con­tex­to social especí­fi­co. Por exem­p­lo, uma pes­soa pode se iden­ti­ficar como cria­ti­va, extro­ver­ti­da e apaixon­a­da por arte. Por out­ro lado, as iden­ti­dades soci­ais são cat­e­go­riza­ções do “eu” em unidades soci­ais mais inclu­si­vas, des­per­son­al­izan­do o con­ceito de si mes­mo (Brew­er, 1991). Nesse caso, a pes­soa pode se iden­ti­ficar como parte de um grupo étni­co, uma comu­nidade reli­giosa ou um movi­men­to social específico.

Ao ado­tar uma iden­ti­dade social, o “eu” se trans­for­ma em “nós”, e a per­cepção do eu pas­sa a ser a de um exem­plar inter­cam­biáv­el de uma deter­mi­na­da cat­e­go­ria social, em vez de ser vista como uma pes­soa úni­ca. Isso demon­stra como a iden­ti­dade pes­soal e social coex­is­tem e influ­en­ci­am a for­ma como nos vemos e nos rela­cionamos com os out­ros (Brew­er, 1991).

Os cír­cu­los con­cên­tri­cos na Figu­ra 1 tam­bém ilus­tram de for­ma abrangente a natureza con­tex­tu­al da iden­ti­dade social. Cada cír­cu­lo exter­no rep­re­sen­ta um nív­el adi­cional de iden­ti­fi­cação e per­tenci­men­to social, fornecen­do um quadro de refer­ên­cia para difer­en­ci­ação e com­para­ção (Brew­er, 1991). No cír­cu­lo cen­tral, por exem­p­lo, pode-se rep­re­sen­tar o “eu” de uma pes­soa especí­fi­ca, como um psicól­o­go ou pesquisador indi­vid­ual. O próx­i­mo cír­cu­lo con­cên­tri­co pode rep­re­sen­tar uma iden­ti­dade social rela­ciona­da à nacional­i­dade ou etnia, onde o “eu” se iden­ti­fi­ca com um deter­mi­na­do país ou grupo étni­co. Em um nív­el mais amp­lo, out­ro cír­cu­lo pode sim­bolizar iden­ti­dades rela­cionadas a afil­i­ações reli­giosas, onde o “eu” se vê como parte de uma comu­nidade reli­giosa especí­fi­ca. Além dis­so, há tam­bém a iden­ti­dade social basea­da em inter­ess­es ou hob­bies, como um cír­cu­lo que rep­re­sen­ta a asso­ci­ação a gru­pos de entu­si­as­tas de esportes, músi­ca ou arte. Cada um dess­es cír­cu­los con­cên­tri­cos amplia o escopo da iden­ti­dade social, influ­en­cian­do a for­ma como o “eu” é perce­bido e se rela­ciona com difer­entes comunidades.

A natureza con­tex­tu­al da iden­ti­dade social e a influên­cia dos mem­bros do grupo nos com­por­ta­men­tos indi­vid­u­ais, desta­cam a inter­conexão cru­cial entre a iden­ti­dade social e a autor­reg­u­lação. Os indi­ví­du­os são forte­mente influ­en­ci­a­dos pelas ações e com­por­ta­men­tos dos mem­bros do grupo, bus­can­do imi­tar suas ações e evi­tan­do o que ess­es mem­bros não fazem. Isso exem­pli­fi­ca a importân­cia da iden­ti­dade social na autor­reg­u­lação, que envolve a coor­de­nação dos proces­sos afe­tivos e com­por­ta­men­tais para man­ter uma per­cepção pos­i­ti­va de si mes­mo, ao mes­mo tem­po em que se com­por­ta de maneira social­mente ade­qua­da e tra­bal­ha em direção aos seus obje­tivos (Kruglan­s­ki & Hig­gins, 2007).

Um exem­p­lo dessa dinâmi­ca pode ser obser­va­do em um estu­do recente em que os par­tic­i­pantes alcançaram uma saúde equi­li­bra­da nos domínios físi­co, men­tal e social por meio de exer­cí­cios reg­u­lares em grupo, como parte de uma inter­venção de ativi­dade físi­ca em toda a comu­nidade. Isso con­tribuiu para a expan­são das comu­nidades por meio da conexão social e do apoio mútuo (Komat­su et al., 2017). Os par­tic­i­pantes demon­stravam com­por­ta­men­tos saudáveis, e os demais mem­bros ten­di­am a seguir ess­es padrões, moti­va­dos pela iden­ti­fi­cação com o grupo e pelo dese­jo de se encaixar e serem aceitos social­mente. Essa dinâmi­ca ilus­tra que os indi­ví­du­os são moti­va­dos a faz­er o que os mem­bros do grupo inter­no fazem e a evi­tar faz­er o que os mem­bros do grupo inter­no não fazem. Nesse sen­ti­do, a iden­ti­dade social é cen­tral para a autor­reg­u­lação (Kruglan­s­ki & Hig­gins, 2007).

A Teoria da Identidade Social (TIS)

Os estu­dos sobre iden­ti­dade social, no cam­po da Psi­colo­gia Social, têm em Hen­ri Tajfel um dos prin­ci­pais teóri­cos, que parte do con­ceito de auto­con­ceito para defi­ni-la. De acor­do com Tajfel e Turn­er (2004), a iden­ti­dade social abrange os aspec­tos da imagem que um indi­ví­duo tem de si mes­mo e que derivam das cat­e­go­rias soci­ais às quais ele percebe per­tencer. Assim, a iden­ti­dade social é defini­da como “a parcela de auto­con­ceito que deri­va do con­hec­i­men­to que o indi­vid­uo tem de sua pertença a um grupo social (ou gru­pos), jus­ta­mente com o sig­nifi­ca­do emo­cional e val­or asso­ci­a­do a essa pertença (Tajfel, 1982, p. 290)

De tal modo, Tajfel e Turn­er (2004) apre­sen­tam três pres­su­pos­tos fun­da­men­tais para fun­da­men­tar os princí­pios teóri­cos da Teo­ria da Iden­ti­dade Social (TIS): 1) os indi­ví­du­os bus­cam um auto­con­ceito pos­i­ti­vo e se esforçam para man­ter ou aumen­tar sua autoes­ti­ma; 2) os gru­pos ou cat­e­go­rias soci­ais e a pertença a eles estão asso­ci­a­dos a cono­tações de val­or pos­i­ti­vas ou neg­a­ti­vas; 3) a avali­ação do próprio grupo é deter­mi­na­da em relação a gru­pos especí­fi­cos por meio de com­para­ções soci­ais em ter­mos de atrib­u­tos e car­ac­terís­ti­cas valorizados.

Com base nes­sas pre­mis­sas, podem ser deriva­dos alguns princí­pios teóri­cos rela­ciona­dos à TIS:

Indi­ví­du­os se esforçam para alcançar ou man­ter uma iden­ti­dade social pos­i­ti­va; A iden­ti­dade social pos­i­ti­va é basea­da, em grande parte, em com­para­ções favoráveis que podem ser feitas entre o grupo inter­no e alguns gru­pos exter­nos rel­e­vantes: o grupo inter­no deve ser perce­bido como difer­en­ci­a­do ou dis­tin­ti­vo de for­ma pos­i­ti­va em relação aos gru­pos exter­nos rel­e­vantes; Quan­do a iden­ti­dade social não é sat­is­fatória, os indi­ví­du­os se esforçarão para sair de seu grupo atu­al e ingres­sar em um grupo mais pos­i­ti­va­mente dis­tin­ti­vo e/ou tornar seu grupo atu­al mais pos­i­ti­va­mente dis­tin­ti­vo. (Tajfel & Turn­er, 2004, p. 284)

A TIS pos­tu­la que os indi­ví­du­os se esforçam para man­ter um auto­con­ceito pos­i­ti­vo, o qual é alcança­do, em parte, por meio da iden­ti­fi­cação com gru­pos soci­ais. Segun­do a TIS, as pes­soas cat­e­go­rizam a si mes­mas e aos out­ros em gru­pos inter­nos (endo gru­pos, ou gru­pos aos quais per­tencem) e gru­pos exter­nos (exo gru­pos, ou gru­pos aos quais não per­tencem), com base em car­ac­terís­ti­cas ou atrib­u­tos com­par­til­ha­dos. Essa cat­e­go­riza­ção resul­ta no desen­volvi­men­to de favoritismo em relação aos gru­pos inter­nos e de despre­zo pelos gru­pos externos.

No cerne da TIS, podemos iden­ti­ficar três con­ceitos-chave: cat­e­go­riza­ção social, iden­ti­fi­cação social e com­para­ção social. A cat­e­go­riza­ção social ref­ere-se ao proces­so cog­ni­ti­vo de agru­par indi­ví­du­os em cat­e­go­rias soci­ais com base em sim­i­lar­i­dades perce­bidas. Essa cat­e­go­riza­ção aux­il­ia os indi­ví­du­os na definição de sua iden­ti­dade social e na dis­tinção entre gru­pos inter­nos e gru­pos exter­nos. A iden­ti­fi­cação social envolve a adoção da iden­ti­dade de um grupo especí­fi­co, pro­por­cio­nan­do um sen­so de autoes­ti­ma e per­tenci­men­to a esse grupo. A com­para­ção social ocorre quan­do os indi­ví­du­os avaliam pos­i­ti­va­mente seu grupo inter­no em com­para­ção com os gru­pos exter­nos, o que aumen­ta sua autoes­ti­ma e reforça a dis­tinção do grupo.

No entan­to, as pressões para avaliar pos­i­ti­va­mente o próprio grupo através de com­para­ções com gru­pos exter­nos lev­am os gru­pos soci­ais a bus­car difer­en­ci­ação uns dos out­ros (Tajfel, 1978). Com base nes­sa pre­mis­sa, é pos­sív­el iden­ti­ficar algu­mas var­iáveis que influ­en­ci­am a difer­en­ci­ação entre gru­pos em situ­ações soci­ais concretas.

A primeira var­iáv­el é que os indi­ví­du­os devem inter­nalizar sua fil­i­ação ao grupo como parte de seu auto­con­ceito (Tajfel & Turn­er, 2004). Por exem­p­lo, con­sid­er­e­mos um indi­ví­duo que per­tence a um clube esporti­vo. Ele par­tic­i­pa reg­u­lar­mente das ativi­dades do clube, inter­age com out­ros mem­bros e sente uma conexão emo­cional com o grupo. Nesse caso, ele inter­nal­i­zou sua pertença ao grupo como uma parte essen­cial de seu sen­so de iden­ti­dade, recon­hecen­do-se como mem­bro do clube.

A segun­da var­iáv­el é que a situ­ação social deve per­mi­tir com­para­ções entre gru­pos que pos­si­bilitem a seleção e avali­ação dos atrib­u­tos rela­cionais rel­e­vantes (Tajfel & Turn­er, 2004). A maneira de exem­p­lo, podemos con­sid­er­ar uma com­petição entre estu­dantes em um even­to acadêmi­co. Durante a com­petição, a situ­ação social per­mite que os par­tic­i­pantes com­parem o desem­pen­ho de suas equipes em relação a atrib­u­tos rel­e­vantes, como con­hec­i­men­to, habil­i­dades e estraté­gias. Os estu­dantes têm a opor­tu­nidade de sele­cionar e avaliar os aspec­tos rela­cionais que deter­mi­nam o suces­so de suas equipes em com­para­ção com a out­ra equipe.

A ter­ceira var­iáv­el é que os gru­pos inter­nos não se com­param com todos os gru­pos exter­nos disponíveis cog­ni­ti­va­mente; o grupo exter­no deve ser perce­bido como um grupo de com­para­ção rel­e­vante. A prox­im­i­dade e a sal­iên­cia situa­cional são var­iáveis que deter­mi­nam a com­pa­ra­bil­i­dade com o grupo externo.(Tajfel & Turn­er, 2004, p. 285)

Um exem­p­lo dis­so pode ser encon­tra­do em um ambi­ente de tra­bal­ho, onde exis­tem várias equipes de difer­entes depar­ta­men­tos. Den­tro de cada equipe, os mem­bros se com­param e se iden­ti­fi­cam uns com os out­ros. No entan­to, quan­do se tra­ta de com­parar suas equipes com out­ros gru­pos exter­nos, a prox­im­i­dade e a sal­iên­cia situa­cional desem­pen­ham um papel cru­cial. Por exem­p­lo, se hou­ver um pro­je­to con­jun­to com out­ra empre­sa, os mem­bros de cada equipe podem perce­ber o grupo da out­ra empre­sa como um grupo de com­para­ção rel­e­vante, levan­do em con­sid­er­ação fatores como obje­tivos, desem­pen­ho e estraté­gias de trabalho.

Lousã (2000) con­sid­era que os indi­ví­du­os se definem não só através do con­hec­i­men­to das car­ac­terís­ti­cas e atrib­u­tos que descrevem o grupo ou cat­e­go­ria social, mas tam­bém por meio do sig­nifi­ca­do avalia­ti­vo e do inves­ti­men­to emo­cional asso­ci­a­do a essa pertença. As com­po­nentes cog­ni­ti­va, avalia­ti­va e emo­cional são necessárias para a con­strução da iden­ti­dade social (Lousã, 2000).

Assim, a Teo­ria da Iden­ti­dade Social tem sido apli­ca­da em diver­sos con­tex­tos e con­tribuí­do para a com­preen­são dos fenô­menos inter­gru­pais. Ela desem­pen­ha um papel fun­da­men­tal na expli­cação de con­fli­tos inter­gru­pais, pre­con­ceito e dis­crim­i­nação. A TIS sug­ere que quan­do os indi­ví­du­os se iden­ti­fi­cam forte­mente com seu grupo inter­no, eles são mais propen­sos a se envolver em com­por­ta­men­tos dis­crim­i­natórios em relação aos mem­bros do grupo externo.

Além da Teo­ria da Iden­ti­dade Social (TIS), é impor­tante men­cionar a Teo­ria da Auto Cat­e­go­riza­ção (SCT, na sigla em inglês), pro­pos­ta por John Turn­er e Kather­ine J. Reynolds. Essa teo­ria con­strói sobre as bases da TIS e con­cen­tra-se nos proces­sos cog­ni­tivos sub­ja­centes à cat­e­go­riza­ção social (Lousã, 2000). A SCT expli­ca como as pes­soas percebem e proces­sam a iden­ti­dade social em difer­entes con­tex­tos soci­ais. Ela se baseia na ideia de que os indi­ví­du­os pos­suem uma neces­si­dade psi­cológ­i­ca de se cat­e­go­rizarem em gru­pos soci­ais, sendo a iden­ti­dade social um com­po­nente essen­cial da autoes­ti­ma e do com­por­ta­men­to humano.

De acor­do com a SCT, as pes­soas não ape­nas se veem como indi­ví­du­os úni­cos, mas tam­bém se iden­ti­fi­cam com gru­pos soci­ais especí­fi­cos. Essa iden­ti­fi­cação social pode ocor­rer em difer­entes níveis, des­de cat­e­go­rias amplas, como nacional­i­dade ou gênero, até cat­e­go­rias mais especí­fi­cas, como clubes esportivos ou profis­sões. Ao se iden­ti­fi­carem com um grupo, as pes­soas inter­nal­izam as nor­mas, val­ores e car­ac­terís­ti­cas desse grupo, moldan­do seu auto­con­ceito e influ­en­cian­do seu comportamento.

O auto­con­ceito social ref­ere-se ao sis­tema de rep­re­sen­tações cog­ni­ti­vas do eu, basea­do em com­para­ções com out­ras pes­soas rel­e­vantes para a inter­ação social. Esse sis­tema con­sti­tui uma hier­ar­quia de clas­si­fi­cação em difer­entes níveis de abstração (Turn­er et al., 1987). A Tabela 1 apre­sen­ta os Níveis de abstração do auto­con­ceito social.

Tabela 1 Níveis de abstração do autoconceito social (adaptado de Lousã, 2000) 
NÍVEL DE

ABSTRAÇÃO

AUTO-CONCEITO SOCIAL

(Turn­er, et al. 1987)

Nív­el superordenado Nív­el da iden­ti­dade humana – basea­do na dis­tinção entre a espé­cie humana, com­para­da a out­ras man­i­fes­tações de vida.
Nív­el intermédio Nív­el da iden­ti­dade social – embasa­do na dis­tinção entre difer­entes cole­tivi­dades, tais como posição social, etnia, nacional­i­dade, profis­são, idade, entre outros.
Nív­el subordinado Nív­el da iden­ti­dade pes­soal – esta­b­ele­ci­do pelas pecu­liari­dades que tor­nam o indi­ví­duo sin­gu­lar em relação aos demais mem­bros do endo­grupo que o definem como uma pes­soa específica.

No nív­el mais amp­lo, ocorre a com­para­ção entre a dimen­são humana e out­ras dimen­sões de seres vivos, como difer­entes espé­cies, o que esta­b­elece a iden­ti­dade humana. Por exem­p­lo, ao com­parar um ser humano com um feli­no, é pos­sív­el iden­ti­ficar car­ac­terís­ti­cas especí­fi­cas que definem a humanidade. No nív­el inter­mediário, ocorre a com­para­ção entre mem­bros do próprio grupo e mem­bros de out­ros gru­pos, influ­en­cian­do a for­mação da iden­ti­dade social (Lousã, 2000). Por exem­p­lo, ao com­parar pes­soas de difer­entes nacional­i­dades, desta­cam-se as difer­enças cul­tur­ais e soci­ais que definem cada grupo. No nív­el mais especí­fi­co, a com­para­ção é fei­ta entre o próprio indi­ví­duo e os out­ros mem­bros do seu grupo, o que resul­ta na iden­ti­dade pes­soal. Por exem­p­lo, ao com­parar uma pes­soa com seus ami­gos próx­i­mos, podem sur­gir car­ac­terís­ti­cas indi­vid­u­ais úni­cas que a difer­en­ci­am dos demais mem­bros do grupo. Em qual­quer um dess­es níveis de auto cat­e­go­riza­ção, há uma tendên­cia para que o indi­ví­duo busque uma dis­tinção pos­i­ti­va em relação aos out­ros (Turn­er et al., 1987). Essa bus­ca por dis­tin­tivi­dade pode ocor­rer tan­to entre o indi­ví­duo e os mem­bros do seu grupo (no nív­el mais especí­fi­co), como entre o grupo ao qual per­tence e out­ros gru­pos (no nív­el intermediário).

Nesse con­tex­to, com base no tex­to de Turn­er et al. (1987), podemos resumir que a Teo­ria da Cat­e­go­riza­ção Social explo­ra como os indi­ví­du­os se cat­e­go­rizam em con­tex­tos soci­ais. A teo­ria propõe que os indi­ví­du­os pos­suem múlti­plas iden­ti­dades soci­ais, depen­dentes do con­tex­to, e que essas iden­ti­dades são for­madas por meio do proces­so de auto cat­e­go­riza­ção. A SCT sug­ere que os indi­ví­du­os se agru­pam com base em semel­hanças e difer­enças em relação aos out­ros, e que essas iden­ti­dades de grupo podem influ­en­ciar com­por­ta­men­tos e ati­tudes. Além dis­so, a SCT propõe que os indi­ví­du­os podem se cat­e­go­rizar em difer­entes níveis de abstração, como os níveis inter­pes­soal, inter­gru­pal e super­or­de­na­do (Turn­er et al., 1987). Kruglan­s­ki e Hig­gins (2007) desta­cam que, emb­o­ra a pesquisa sobre iden­ti­dades soci­ais geral­mente se con­cen­tre em uma iden­ti­dade social especí­fi­ca, é pres­su­pos­to que os auto­con­ceitos con­tenham várias iden­ti­dades soci­ais e pes­soais. Os indi­ví­du­os podem se cat­e­go­rizar em difer­entes níveis de abstração e se definir em ter­mos de múlti­plas iden­ti­dades soci­ais que se conec­tam e se inter­sec­tam de difer­entes maneiras (Brew­er, 1999).

Fatores da Identidade Social

Assim, fica claro que, no proces­so de con­strução da iden­ti­dade, as pes­soas não se limi­tam ape­nas a descr­ev­er traços indi­vid­u­ais que as tor­nam úni­cas, mas tam­bém se situ­am den­tro do con­tex­to social ao afir­marem cat­e­go­rias soci­ais. Essas cat­e­go­rias vão além de car­ac­terís­ti­cas pes­soais e englobam ele­men­tos como gênero, etnia e papéis soci­ais, como ser pai ou cônjuge.

Na ten­ta­ti­va de respon­der à per­gun­ta sobre a sim­i­lar­i­dade ou difer­ença das diver­sas for­mas de iden­ti­dade social, Tajfel (1981) esta­b­ele­ceu dis­tinções entre duas cat­e­go­rias: a cat­e­go­ria atribuí­da a alguém e a cat­e­go­ria dos gru­pos soci­ais aos quais alguém per­tence. Ele sug­eriu que ess­es dois ter­mos podem rep­re­sen­tar ape­nas “o começo e o fim de um lon­go proces­so psi­cos­so­cial” (1981, p. 311), mas não desen­volveu essa análise em detal­h­es (Deaux et al., 1995).

Deaux et al, (1995) tiver­am como obje­ti­vo lis­tar uma ampla gama de iden­ti­dades soci­ais às quais as pes­soas se vin­cu­lam. Para isso, realizaram uma análise fato­r­i­al explo­ratória e iden­ti­ficaram cin­co fatores que rep­re­sen­tam os cin­co tipos de iden­ti­dade social iden­ti­fi­ca­dos: rela­ciona­men­tos pes­soais, profissões/atividades, fil­i­ações políti­cas, gru­pos étnicos/religiosos e gru­pos estigma­ti­za­dos. Essas iden­ti­dades foram agru­padas com base na per­cepção de sim­i­lar­i­dade, e a dis­tribuição desigual de iden­ti­dades em cada clus­ter pode refle­tir a real­i­dade, uma vez que as pes­soas têm mais iden­ti­dades de um tipo do que de out­ro. No entan­to, os pesquisadores obser­vam que muitas out­ras iden­ti­dades não men­cionadas na amostra orig­i­nal pode­ri­am ser incluí­das em cada um dess­es clus­ters.

Con­tu­do, den­tre os tipos de iden­ti­dade social iden­ti­fi­ca­dos por Deaux et al. (1995), os gru­pos estigma­ti­za­dos têm sido mais ativos na ten­ta­ti­va de iden­ti­ficar dimen­sões que difer­en­ci­am várias for­mas de estig­ma. Nesse sen­ti­do, Katz (1981) se ref­ere às difer­entes dimen­sões do estigma:

Para desen­volver uma com­preen­são ade­qua­da dos fenô­menos do estig­ma, é necessário levar em con­ta as maneiras impor­tantes pelas quais os estig­mas podem diferir uns dos out­ros. Dis­tinguem-se três tipos ampla­mente difer­entes de estig­ma: “abom­i­nações do cor­po”, que con­sis­tem em várias deformi­dades físi­cas, defi­ciên­cias e doenças crôni­cas; “man­chas de caráter indi­vid­ual”, que são inferi­das a par­tir de um históri­co con­heci­do de com­por­ta­men­to social­mente des­viante; e o “estig­ma trib­al her­da­do de raça, nação e religião”. Isso, é claro, não é uma tax­ono­mia com­ple­ta, emb­o­ra pareça um pon­to de par­ti­da útil para pen­sar nas vari­ações do estig­ma e em seus efeitos difer­en­ci­ais sobre o por­ta­dor e o obser­vador não estigmatizado.(Katz, 1981, p. 2)

Nesse sen­ti­do, as dimen­sões sug­eri­das incluem a vis­i­bil­i­dade da condição estigma­ti­zante, o peri­go perce­bido rep­re­sen­ta­do pela pes­soa estigma­ti­za­da e a respon­s­abil­i­dade perce­bi­da da pes­soa pelo estig­ma (Deaux et al., 1995). Ess­es fatores podem influ­en­ciar a for­ma como os indi­ví­du­os percebem e reagem ao estig­ma, afe­tan­do as inter­ações soci­ais e os com­por­ta­men­tos de discriminação.

Além dis­so, é impor­tante ressaltar que a iden­ti­dade social tam­bém desem­pen­ha um papel fun­da­men­tal na for­mação de ati­tudes favoráveis em relação ao próprio grupo, sem nec­es­sari­a­mente ger­ar ati­tudes neg­a­ti­vas em relação a out­ros gru­pos. Essa prefer­ên­cia pelo grupo de per­tenci­men­to pode man­i­fes­tar-se por meio da atribuição de car­ac­terís­ti­cas pos­i­ti­vas aos seus mem­bros e pela demon­stração de uma ati­tude mais favoráv­el em relação a eles, con­forme demon­stra­do em diver­sas pesquisas.

Nesse con­tex­to, estu­dos real­iza­dos por Brew­er (1979), rev­e­laram que fatores como com­petição entre gru­pos, sim­i­lar­i­dade e difer­enças de sta­tus influ­en­ci­am indi­re­ta­mente o viés de grupo, afe­tan­do a relevân­cia das dis­tinções entre o grupo inter­no e o grupo exter­no. Além dis­so, obser­vou-se que o aumen­to do viés de grupo está mais rela­ciona­do ao aumen­to do favoritismo em relação aos mem­bros do grupo inter­no do que ao aumen­to da hos­til­i­dade em relação aos mem­bros do grupo exter­no (Brew­er, 1979). Essas descober­tas desta­cam a com­plex­i­dade das dinâmi­cas inter­gru­pais e a importân­cia de con­sid­er­ar vários fatores na com­preen­são do viés de grupo.

De acor­do com Brew­er (1999) grande parte do pre­con­ceito intra­gru­pal e da dis­crim­i­nação inter­gru­pal é moti­va­da pelo trata­men­to pref­er­en­cial dos mem­bros do próprio grupo, em vez de uma hos­til­i­dade dire­ta em relação aos mem­bros do grupo exter­no. Isso sig­nifi­ca que o viés pos­i­ti­vo em relação ao grupo fre­quente­mente coex­iste com ati­tudes neg­a­ti­vas e estereóti­pos em relação aos mem­bros de gru­pos externos.

Sher­man et al. (1998) sug­erem que difer­enças bási­cas na maneira como os jul­ga­men­tos sobre gru­pos inter­nos e gru­pos exter­nos são feitos con­tribuem para o esta­b­elec­i­men­to e per­pet­u­ação do viés entre gru­pos, dimin­uin­do a esta­bil­i­dade das impressões neg­a­ti­vas sobre o grupo inter­no e pos­i­ti­vas sobre o grupo exter­no, e aumen­tan­do a esta­bil­i­dade das impressões pos­i­ti­vas sobre o grupo inter­no e neg­a­ti­vas sobre o grupo externo.

Des­ta maneira, a iden­ti­dade social tam­bém pode levar ao descrédi­to de gru­pos exter­nos, em que os indi­ví­du­os têm ati­tudes e estereóti­pos neg­a­tivos em relação aos mem­bros de out­ros gru­pos. Essa tendên­cia de desval­orizar gru­pos exter­nos serve para realçar a dis­tin­tivi­dade pos­i­ti­va do grupo inter­no e reforçar a autoes­ti­ma dos indi­ví­du­os. O des­cred­i­to de gru­pos exter­nos pode se man­i­fes­tar por meio de crenças pre­con­ceitu­osas, com­por­ta­men­tos dis­crim­i­natórios, estereóti­pos e con­fli­tos inter­gru­pais. A inten­si­dade dessas ati­tudes neg­a­ti­vas em relação a gru­pos exter­nos pode vari­ar depen­den­do de fatores como a ameaça perce­bi­da rep­re­sen­ta­da pelo grupo exter­no, a sal­iên­cia da iden­ti­dade social e o con­tex­to intergrupal.

Estereótipos

Ao lon­go da história, os estereóti­pos têm desem­pen­hado um papel sig­ni­fica­ti­vo na estrat­i­fi­cação da sociedade e na for­mação e definição de gru­pos oprim­i­dos, abrangen­do car­ac­terís­ti­cas como gênero, sta­tus social, raça, religião e sta­tus finan­ceiro. Jun­ta­mente com o pre­con­ceito, eles têm influ­en­ci­a­do a maneira como os gru­pos exter­nos são vis­tos e trata­dos. Nesse con­tex­to, a Teo­ria do Domínio Social (TDS) (Sida­nius & Prat­to, 1999), bus­ca com­bi­nar teo­rias psi­cos­so­ci­ais das relações inter­gru­pais com ide­olo­gias e proces­sos de legit­i­mação de desigual­dades soci­ais (Abad & Abad, 2021).

A TDS expli­ca a neces­si­dade sub­con­sciente de defend­er as hier­ar­quias soci­ais com base em uma série de ideais e sis­temas de crenças. Nesse con­tex­to, um grupo hegemôni­co ou opres­sor detém uma quan­ti­dade despro­por­cional de bene­fí­cios, como sta­tus social, poder, din­heiro e papéis social­mente val­oriza­dos, enquan­to um grupo sub­or­di­na­do ou oprim­i­do se encon­tra em uma situ­ação despro­por­cional­mente inver­sa (Acos­ta, 2019).

Por exem­p­lo, na sociedade con­tem­porânea, em ger­al, as pes­soas bran­cas des­fru­tam de cer­tos priv­ilé­gios, como opor­tu­nidades de emprego, mel­hor aces­so à ali­men­tação e saúde, maior expec­ta­ti­va de vida e mais facil­i­dades para trans­mi­tir recur­sos aos fil­hos, como riqueza, edu­cação e conexões soci­ais. No con­tex­to atu­al da pan­demia as pes­soas negras e out­ras mino­rias têm qua­tro vezes mais chances de mor­rer de Covid-19 (Dyer, 2020). No entan­to, a imagem ger­al das mino­rias e das pes­soas oprim­i­das nes­ta sociedade con­trasta forte­mente com as “vir­tudes cul­tur­ais” e a imagem do grupo dom­i­nante, que muitas vezes são vis­tas como indis­ci­plinadas, perigosas, preguiçosas e des­on­es­tas (Prat­to et al., 2000).

De acor­do com a TDS, os mitos legit­i­madores (Sida­nius & Prat­to, 1999) são uma com­bi­nação de pre­con­ceito, suposições de infe­ri­or­i­dade de gru­pos mar­gin­al­iza­dos e con­ser­vadoris­mo políti­co. Ess­es mitos ide­ológi­cos per­sis­tentes são uti­liza­dos para legit­i­mar as estru­turas exis­tentes de desigual­dade, retratan­do-as como jus­tas e dese­jáveis (Islam, 2014). A TDS expli­ca como fatores como ide­olo­gias cul­tur­ais, com­por­ta­men­tos dis­crim­i­natórios, papéis soci­ais e propen­sões psi­cológ­i­cas ao pre­con­ceito de grupo se com­bi­nam para man­ter a hier­ar­quia social (Prat­to et al., 2000). Isso pro­por­ciona uma com­preen­são mais clara de por que os gru­pos são oprim­i­dos e como essa opressão con­tin­ua: a con­tinuidade do sta­tus quo da desigual­dade não é um fenô­meno indi­vid­ual, mas sistêmi­co (Acos­ta, 2019).

Prat­to et al. (2000) con­sid­er­am o aspec­to psi­cológi­co da TDS ao intro­duzir uma var­iáv­el indi­vid­ual chama­da Ori­en­tação de Domínio Social (ODS). Essa ori­en­tação reflete até que pon­to uma pes­soa dese­ja que seu grupo domine e seja supe­ri­or a out­ros gru­pos. A ODS é uma ati­tude em relação às relações inter­gru­pais, refletindo a prefer­ên­cia indi­vid­ual por relações hierárquicas orde­nadas em uma dimen­são de supe­ri­or­i­dade-infe­ri­or­i­dade (Prat­to et al., 1994). Emb­o­ra essas crenças pos­sam ben­e­fi­ciar alguns mem­bros do grupo dom­i­nante, a inter­nal­iza­ção dessas crenças pelos gru­pos oprim­i­dos tam­bém serve para impedir seu enga­ja­men­to em ações soci­ais con­tra desigual­dades e pre­con­ceitos (Islam, 2014).

Assim, os estereóti­pos são crenças gen­er­al­izadas e rep­re­sen­tações cog­ni­ti­vas sobre as car­ac­terís­ti­cas, atrib­u­tos e com­por­ta­men­tos de um deter­mi­na­do grupo social. A iden­ti­dade social con­tribui para a for­mação e manutenção de estereóti­pos, uma vez que os indi­ví­du­os cat­e­go­rizam os out­ros com base em fil­i­ações gru­pais. Os estereóti­pos podem per­pet­u­ar jul­ga­men­tos ten­den­ciosos, suposições e com­por­ta­men­tos dis­crim­i­natórios em relação aos mem­bros dos gru­pos exter­nos. O pre­con­ceito, que se ref­ere a ati­tudes e emoções neg­a­ti­vas em relação a indi­ví­du­os com base em sua fil­i­ação gru­pal, pode decor­rer dess­es estereóti­pos e proces­sos de iden­ti­dade social. O pre­con­ceito pode se man­i­fes­tar de for­ma explíci­ta ou sutil, afe­tan­do as inter­ações soci­ais, opor­tu­nidades e estru­turas sociais.

Identidade Social na Perspectiva da Psicologia Cultural

Oyser­man (2007) argu­men­ta de for­ma con­vin­cente que a cul­tura desem­pen­ha um papel fun­da­men­tal na for­mação das iden­ti­dades soci­ais, pois fornece padrões com­par­til­ha­dos de sig­nifi­ca­do que moldam a maneira como os mem­bros de uma cul­tura especí­fi­ca percebem a si mes­mos e aos out­ros. Ess­es sis­temas com­par­til­ha­dos de sig­nifi­ca­do são trans­mi­ti­dos ao lon­go das ger­ações e influ­en­ci­am quais gru­pos são con­sid­er­a­dos impor­tantes e como eles são car­ac­ter­i­za­dos. Além de com­par­til­har uma lín­gua e local­iza­ção comuns, as cul­turas envolvem crenças, per­cepções, avali­ações e com­por­ta­men­tos com­par­til­ha­dos, que aju­dam a definir as iden­ti­dades soci­ais (Oyser­man, 2007).

Em um estu­do sem­i­nal no cam­po da psi­colo­gia cul­tur­al, Geert Hof­st­ede (2013) desen­volveu um mod­e­lo de cin­co dimen­sões cul­tur­ais que aju­dam a com­preen­der e com­parar as difer­enças entre cul­turas nacionais. Uma das dimen­sões mais ampla­mente estu­dadas é a dico­to­mia entre indi­vid­u­al­is­mo e cole­tivis­mo, que exam­i­na a relação entre o indi­ví­duo e o grupo na sociedade. Cul­turas indi­vid­u­al­is­tas val­orizam a inde­pendên­cia, a autossu­fi­ciên­cia e a real­iza­ção indi­vid­ual, enquan­to cul­turas cole­tivis­tas enfa­ti­zam a inter­de­pendên­cia, a leal­dade ao grupo e a har­mo­nia social. Enquan­to o indi­vid­u­al­is­mo enfo­ca o indi­ví­duo e seus inter­ess­es pes­soais, o cole­tivis­mo con­cen­tra-se nos gru­pos e nas relações que conec­tam e obrigam mutu­a­mente os indi­ví­du­os. Por exem­p­lo, em uma cul­tura indi­vid­u­al­ista, o suces­so pes­soal e a autono­mia podem ser alta­mente val­oriza­dos, enquan­to em uma cul­tura cole­tivista, a har­mo­nia do grupo e a inter­de­pendên­cia social podem ser mais enfatizadas.

A per­spec­ti­va cul­tur­al do self argu­men­ta que as cul­turas podem ser clas­si­fi­cadas com base na ênfase que dão aos val­ores indi­vid­u­al­is­tas ou cole­tivis­tas nas práti­cas de social­iza­ção (Oyser­man, 2007). Sociedades que val­orizam o cole­tivis­mo nas práti­cas de social­iza­ção ten­dem a pro­mover a cri­ação de fil­hos e out­ras práti­cas que for­t­ale­cem um sen­so de auto­con­ceito rela­ciona­do, social ou cole­ti­vo, no qual o indi­ví­duo é perce­bido como parte de gru­pos soci­ais e encon­tra sig­nifi­ca­do e agên­cia por meio de suas afil­i­ações a ess­es gru­pos. Por exem­p­lo, em algu­mas cul­turas ori­en­tais, como a japone­sa, é comum que a iden­ti­dade indi­vid­ual seja forte­mente influ­en­ci­a­da pela pertença a gru­pos, como a família, a empre­sa ou a comu­nidade local. Por out­ro lado, o indi­vid­u­al­is­mo impli­ca um foco pes­soal no self, bus­can­do sen­tir-se bem con­si­go mes­mo, ser úni­co ou dis­tin­to. Em sociedades indi­vid­u­al­is­tas, a autodefinição muitas vezes se baseia em traços abstratos e car­ac­terís­ti­cas pes­soais, em vez de depen­der de descritores soci­ais ou situa­cionais, que são mais comu­mente encon­tra­dos em con­tex­tos cole­tivis­tas (Oyser­man, 2007).

A cul­tura não ape­nas fornece um con­tex­to com­par­til­ha­do de sig­nifi­ca­do, mas tam­bém mol­da os padrões de iden­ti­fi­cação e per­tenci­men­to social, desem­pen­han­do um papel cen­tral na con­strução da iden­ti­dade social de um indi­ví­duo den­tro de um grupo cul­tur­al específico.

Considerações finais

Com­preen­der a dinâmi­ca da iden­ti­dade social e das relações inter­gru­pais é fun­da­men­tal para reduzir o pre­con­ceito e pro­mover inter­ações pos­i­ti­vas. Estraté­gias como con­ta­to inter­gru­pal, exer­cí­cios de per­spec­ti­va e treina­men­to de empa­tia têm mostra­do eficá­cia nesse sen­ti­do. Além dis­so, a cri­ação de ambi­entes inclu­sivos, a pro­moção da coop­er­ação entre gru­pos e o ques­tion­a­men­to de estereóti­pos con­tribuem para o esta­b­elec­i­men­to de relações inter­gru­pais positivas.

Ao recon­hecer o impacto da iden­ti­dade social nas ati­tudes, estereóti­pos e com­por­ta­men­tos, podemos desen­volver inter­venções e políti­cas que pro­movam a inclusão, equidade e coesão social. A iden­ti­dade social mol­da nos­sa visão e iden­ti­fi­cação com um grupo, influ­en­cian­do nos­sas ati­tudes em relação a out­ros gru­pos. Por exem­p­lo, uma forte iden­ti­fi­cação étni­ca geral­mente resul­ta em ati­tudes pos­i­ti­vas em relação ao próprio grupo e menos favoráveis em relação a out­ros gru­pos étnicos.

Além dis­so, a iden­ti­dade social influ­en­cia nos­sos com­por­ta­men­tos, levan­do-nos a agir de acor­do com as nor­mas e expec­ta­ti­vas do grupo ao qual per­tence­mos. Isso pode resul­tar em com­por­ta­men­tos coop­er­a­tivos e solidários den­tro do grupo, mas tam­bém em com­por­ta­men­tos com­pet­i­tivos ou dis­crim­i­natórios em relação a out­ros grupos.

Destarte, as relações inter­gru­pais são influ­en­ci­adas pela iden­ti­dade social, afe­tan­do nos­sas per­cepções e ati­tudes em relação a out­ros gru­pos. Isso pode levar à for­mação de estereóti­pos, pre­con­ceitos e con­fli­tos. No entan­to, a iden­ti­dade social tam­bém pode ser uma fonte de conexão e coop­er­ação entre gru­pos, espe­cial­mente quan­do há uma iden­ti­dade com­par­til­ha­da ou obje­tivos comuns.

A iden­ti­dade social é um tema com­plexo, influ­en­ci­a­do por diver­sos fatores, como raça, etnia, gênero, religião, nacional­i­dade e inter­ess­es com­par­til­ha­dos. É impor­tante destacar que a iden­ti­dade social não é fixa, poden­do mudar ao lon­go do tem­po com novas exper­iên­cias e inter­ações soci­ais. Além dis­so, out­ros fatores, como per­son­al­i­dade, exper­iên­cias de vida e con­tex­to social, tam­bém desem­pen­ham um papel impor­tante em nos­sa for­mação como indi­ví­du­os. Por­tan­to, é essen­cial explo­rar a iden­ti­dade social para uma com­preen­são mais pro­fun­da de nós mes­mos e dos outros.

Pro­mover a inclusão e a diver­si­dade é fun­da­men­tal, recon­hecen­do a importân­cia da iden­ti­dade social e seu impacto nas inter­ações soci­ais. Isso envolve a pro­moção da igual­dade de opor­tu­nidades, o com­bate ao pre­con­ceito e à dis­crim­i­nação, e a val­oriza­ção da diver­si­dade como uma força pos­i­ti­va em nos­sas vidas. Com a imple­men­tação de pro­gra­mas de sen­si­bi­liza­ção, políti­cas inclu­si­vas e a pro­moção de inter­ações inter­gru­pais pos­i­ti­vas, podemos cri­ar comu­nidades mais fortes, coesas e acol­he­do­ras para todos.

Limitações do Estudo

É pos­sív­el argu­men­tar que, dev­i­do à lim­i­tação de espaço, o arti­go se baseia em uma per­spec­ti­va teóri­ca especí­fi­ca, deixan­do de con­sid­er­ar out­ras abor­da­gens ou teo­rias alter­na­ti­vas que pode­ri­am fornecer insights adi­cionais sobre a influên­cia da iden­ti­dade social. Além dis­so, é cru­cial con­sid­er­ar a importân­cia de uma abor­dagem inter­sec­cional, que envolve a análise das inter­seções entre difer­entes iden­ti­dades soci­ais, como gênero, raça, classe social, entre out­ras. Essas inter­seções podem influ­en­ciar de maneira com­plexa as ati­tudes, com­por­ta­men­tos e relações inter­gru­pais individuais.

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