Alberto Abad
Universidade Federal de Juiz de Fora
Resumo
Nas últimas décadas, a diversidade cultural global aumentou devido à globalização, migração e avanços tecnológicos, apresentando desafios para a psicologia, especialmente no atendimento de populações diversas. No Brasil, essa demanda é acentuada pela diversidade étnica e cultural. No entanto, muitos psicólogos carecem de competências multiculturais e enfrentam resistência institucional para adaptar suas práticas. Este artigo analisa a importância da implementação das diretrizes multiculturais da Associação Americana de Psicologia (APA) na prática psicológica, utilizando o modelo de sete fases de políticas públicas de Leonardo Secchi. O objetivo é explorar como essas diretrizes podem ser incorporadas de maneira eficaz, promovendo uma prática inclusiva e socialmente responsável. Apesar dos desafios, como a escassez de recursos e resistência à mudança, a colaboração entre profissionais e instituições pode promover uma prática mais justa e coesa.
Palavras-chave: Diversidade cultural, psicologia, diretrizes multiculturais, políticas públicas, modelo de Secchi, competência multicultural.
Resumen
En las últimas décadas, la diversidad cultural global ha aumentado debido a la globalización, la migración y los avances tecnológicos, presentando desafíos para la psicología, especialmente en la atención de poblaciones diversas. En Brasil, esta demanda se acentúa por la diversidad étnica y cultural del país. Sin embargo, muchos psicólogos carecen de competencias multiculturales y enfrentan resistencia institucional para adaptar sus prácticas. Este artículo analiza la importancia de la implementación de las directrices multiculturales de la Asociación Americana de Psicología (APA) en la práctica psicológica, utilizando el modelo de siete fases de políticas públicas de Leonardo Secchi. El objetivo es explorar cómo estas directrices pueden ser incorporadas de manera eficaz, promoviendo una práctica inclusiva y socialmente responsable. A pesar de los desafíos, como la escasez de recursos y la resistencia al cambio, la colaboración entre profesionales e instituciones puede promover una práctica más justa y cohesionada.
Palabras clave: Diversidad cultural, psicología, directrices multiculturales, políticas públicas, modelo de Secchi, competencia multicultural.
Abstract
In recent decades, global cultural diversity has increased due to globalization, migration, and technological advances, presenting challenges for psychology, especially in serving diverse populations. In Brazil, this demand is heightened by the country’s ethnic and cultural diversity. However, many psychologists lack multicultural competencies and face institutional resistance in adapting their practices. This article examines the importance of implementing the American Psychological Association (APA) multicultural guidelines in psychological practice, using Leonardo Secchi’s seven-phase public policy model. The goal is to explore how these guidelines can be effectively incorporated, promoting inclusive and socially responsible practice. Despite challenges, such as resource scarcity and resistance to change, collaboration among professionals and institutions can foster a more just and cohesive practice.
Keywords: Cultural diversity, psychology, multicultural guidelines, public policies, Secchi model, multicultural competence.
Introdução
A diversidade cultural tem se intensificado nas últimas décadas, resultando em sociedades cada vez mais multiculturais. Esse fenômeno impõe novos desafios aos profissionais de psicologia, que precisam estar preparados para atender indivíduos de diferentes contextos culturais de maneira adequada. Reconhecendo essa necessidade, a Associação Americana de Psicologia (APA) publicou, em 2017, as “Diretrizes Multiculturais: Uma Abordagem Ecológica ao Contexto, Identidade e Interseccionalidade” (2017). Essas diretrizes visam orientar os profissionais na promoção de práticas mais inclusivas e sensíveis às complexidades das identidades culturais.
A implementação eficaz dessas diretrizes não é um processo imediato; requer uma abordagem estruturada que considere as múltiplas etapas envolvidas na formulação e execução de políticas e práticas profissionais. Nesse contexto, o modelo de políticas públicas proposto por Leonardo Secchi apresenta-se como uma ferramenta analítica valiosa (Abad, 2017). Seu modelo de sete fases –identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de decisão, implementação, avaliação e extinção – oferece um framework sistemático para analisar e guiar a integração de políticas e diretrizes em diferentes áreas.
Este artigo tem como objetivo analisar a importância da implementação das diretrizes multiculturais da APA na psicologia, utilizando o modelo de sete fases de políticas públicas de Secchi como base analítica. Ao explorar cada etapa do modelo, busca-se compreender como as diretrizes podem ser incorporadas de maneira eficaz nas práticas psicológicas e nas políticas institucionais, contribuindo para a formação de profissionais mais competentes em questões multiculturais (Abad, 2022).
A relevância desta análise vai além do campo profissional, impactando a sociedade como um todo. A adoção de práticas psicológicas que valorizam a diversidade cultural promove não apenas o bem-estar individual, mas também fortalece o tecido social ao fomentar a compreensão e o respeito mútuo entre diferentes grupos (Abad, 2024). Portanto, a integração das diretrizes multiculturais da APA, guiada pelo modelo de Secchi, representa um passo significativo rumo a uma psicologia mais inclusiva e socialmente responsável.
Contextualização
Nas últimas décadas, o mundo tem vivenciado um aumento significativo na diversidade cultural devido a fatores como globalização, migração e avanços tecnológicos que facilitam a comunicação entre diferentes sociedades. Esse cenário resultou em populações cada vez mais heterogêneas, onde aspectos como raça, etnia, gênero, orientação sexual, religião e status socioeconômico interagem de maneira complexa. Para a psicologia, essa realidade apresenta desafios e oportunidades na prestação de serviços que atendam às necessidades de uma clientela diversa (Abad, 2024).
A competência multicultural na psicologia refere-se à capacidade dos profissionais de reconhecer, respeitar e integrar as diferenças culturais em suas práticas clínicas, pesquisas e atividades educacionais
Segundo Sue e Sue (2022), essa competência é essencial para evitar vieses e preconceitos que possam comprometer a eficácia das intervenções psicológicas. Profissionais culturalmente competentes são capazes de estabelecer alianças terapêuticas mais sólidas, compreender melhor as manifestações de sofrimento psíquico em diferentes contextos culturais e adaptar suas técnicas de intervenção às necessidades específicas de cada indivíduo.
No contexto brasileiro, a importância da competência multicultural é amplificada pela vasta diversidade étnica e cultural do país. Populações indígenas, afrodescendentes, quilombolas, migrantes e refugiados compõem o mosaico cultural brasileiro, trazendo consigo diferentes cosmovisões, práticas sociais e sistemas de crenças. Conforme apontado por Mclean et al. (2003), a falta de sensibilidade cultural pode resultar em barreiras de acesso aos serviços de saúde mental e em práticas que reforçam desigualdades e exclusões sociais.
Além disso, o conceito de interseccionalidade, introduzido por Crenshaw (1989), destaca como múltiplos aspectos da identidade –como gênero, raça e classe social– se sobrepõem, criando experiências únicas de opressão ou privilégio. Na prática psicológica, ignorar essas intersecções pode levar a diagnósticos imprecisos e intervenções inadequadas. Portanto, é fundamental que os profissionais adotem uma perspectiva que considere a complexidade das identidades dos clientes (Abad, 2022).
A abordagem ecológica, baseada no modelo de Bronfenbrenner (1979), também oferece uma compreensão aprofundada de como os diferentes sistemas (microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema) influenciam o desenvolvimento humano. Essa perspectiva enfatiza que o comportamento individual não pode ser desvinculado do contexto social, econômico e político em que está inserido. Para a psicologia multicultural, isso significa reconhecer como fatores como discriminação sistêmica, políticas públicas e dinâmicas comunitárias afetam a saúde mental.
As Diretrizes Multiculturais da APA (2017)
Reconhecendo a necessidade de orientar os profissionais diante desses desafios, as “Diretrizes Multiculturais: Uma Abordagem Ecológica ao Contexto, Identidade e Interseccionalidade” representam uma evolução das versões anteriores, incorporando novos entendimentos sobre identidade, poder e privilégio, e enfatizando a necessidade de uma abordagem mais holística e contextualizada.
As diretrizes são estruturadas em torno de princípios que incentivam os psicólogos a:
- Reconhecer e entender que a identidade e a autodefinição são fluidas e complexas, e que a interação entre ambas é dinâmica. Para esse fim, os psicólogos compreendem que a interseccionalidade é moldada pela multiplicidade dos contextos sociais do indivíduo (diretriz 1).
- Reconhecer e compreender que, como seres culturais, eles possuem atitudes e crenças que podem influenciar suas percepções e interações com os outros, bem como suas conceituações clínicas e empíricas. Assim, os psicólogos se esforçam para ir além de conceituações enraizadas em suposições categóricas, vieses e/ou formulações baseadas em conhecimento limitado sobre indivíduos e comunidades (diretriz 2).
- Entender o papel do contexto: Destaca a importância de avaliar como os ambientes sociais, políticos e históricos afetam o bem-estar psicológico (diretriz 4).
- Promover justiça e equidade: Incentiva ações que abordem desigualdades sistêmicas e promovam o acesso equitativo aos serviços de saúde mental (permeia todas as diretrizes).
- Desenvolver práticas culturalmente adaptadas: Recomenda a adaptação de intervenções e técnicas para serem culturalmente relevantes e eficazes (diretriz 6).
- Conduzir pesquisas, ensino, supervisão, consultoria, avaliação, interpretação, diagnóstico, disseminação e avaliação de eficácia culturalmente apropriados e informados, ao abordarem os primeiros quatro níveis do Modelo Ecológico em Camadas das Diretrizes Multiculturais (diretriz 9).
As diretrizes também enfatizam a importância da autorreflexão contínua por parte dos profissionais. Isso inclui o reconhecimento de seus próprios preconceitos, privilégios e limitações culturais, bem como o compromisso com o crescimento pessoal e profissional (APA, 2017).
A implementação dessas diretrizes enfrenta diversos desafios. Um dos principais é a resistência institucional à mudança. Muitas organizações e sistemas de saúde mental podem estar enraizados em práticas tradicionais que não consideram adequadamente a diversidade cultural (Moodley & Ocampo, 2014). Além disso, há uma escassez de recursos e treinamentos específicos que capacitem os profissionais a aplicar essas diretrizes efetivamente em sua prática diária.
Nesse contexto, o modelo de políticas públicas de Leonardo Secchi (2014) oferece um framework estruturado para orientar a implementação dessas diretrizes. Composto por sete fases –identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas, tomada de decisão, implementação, avaliação e extinção– o modelo permite uma análise sistemática dos processos necessários para integrar as diretrizes multiculturais nas práticas psicológicas e políticas institucionais.
Implementação das Diretrizes Multiculturais da APA Através do Modelo de Secchi: Impactos na Psicologia e na Sociedade
Identificação do Problema
A fase inicial do modelo de Secchi é a identificação do problema (Abad, 2017), que envolve reconhecer a necessidade de aprimorar a competência multicultural entre os profissionais de psicologia. A falta dessa competência resulta em práticas inadequadas, diagnósticos imprecisos e intervenções ineficazes ao atender populações diversas (Sue et al., 2022). Isso compromete a qualidade dos serviços prestados e perpetua desigualdades sociais.
Os impactos negativos dessa deficiência são sentidos tanto pelos profissionais quanto pelos clientes. Profissionais podem experimentar frustração e esgotamento devido à incapacidade de atender adequadamente às necessidades dos clientes (Arredondo et al., 1996).
Formação da Agenda
A formação da agenda consiste em inserir o problema na pauta de discussão dos stakeholders relevantes. Isso envolve mobilizar associações profissionais, instituições acadêmicas, órgãos governamentais e a sociedade civil (Secchi, 2014) para reconhecer a importância da competência multicultural. A promoção de debates, conferências e campanhas de sensibilização amplia a conscientização e gera pressão para mudanças institucionais (Arredondo et al., 1996).
Esse engajamento coletivo tem um impacto significativo na psicologia ao estimular a colaboração interdisciplinar e promover uma cultura de aprendizado contínuo (Vestergren et al., 2019). Na sociedade, aumenta a visibilidade das questões relacionadas à diversidade e inclusão, incentivando uma participação mais ativa das comunidades na busca por soluções.
Formulação de Alternativas
Na fase de formulação de alternativas, desenvolvem-se estratégias para abordar o problema identificado. Algumas alternativas incluem:
- Revisão Curricular: Atualizar os currículos acadêmicos para incluir conteúdos sobre multiculturalismo e interseccionalidade (APA, 2017).
- Capacitação Contínua: Oferecer treinamentos para profissionais em atividade, aprimorando suas habilidades e conhecimentos (Sue & Sue, 2016).
- Políticas Institucionais Inclusivas: Implementar políticas que promovam diversidade e equidade dentro das organizações (Moodley & Ocampo, 2014).
- Engajamento Comunitário: Estabelecer parcerias com comunidades para adaptar serviços às necessidades locais (APA, 2017).
A adoção dessas alternativas pode levar a melhorias significativas na prática psicológica, como o aprimoramento das habilidades clínicas e o fortalecimento da aliança terapêutica (Hall et al., 2016). Na sociedade, espera-se uma redução nas desigualdades em saúde mental e um aumento no acesso a serviços de qualidade para populações diversas.
Tomada de Decisão
A tomada de decisão envolve escolher as alternativas mais eficazes e viáveis, considerando recursos, impacto potencial e viabilidade política (Secchi, 2010). Uma abordagem integrada que combine revisões curriculares com capacitação contínua e políticas institucionais inclusivas pode maximizar os benefícios.
Essa fase é crucial para assegurar que as decisões reflitam as necessidades reais dos profissionais e das comunidades. A participação ativa de diversos stakeholders na tomada de decisão aumenta a legitimidade das políticas e a probabilidade de sucesso na implementação (Secchi, 2010).
Implementação
A implementação é a fase em que as políticas e estratégias são colocadas em prática. Isso requer planejamento detalhado, alocação de recursos e gerenciamento eficaz.
- Nas Instituições Acadêmicas: A atualização dos currículos prepara futuros psicólogos para atuarem de forma competente em contextos multiculturais (Bertram et al., 2018).
- Nas Organizações Profissionais: Programas de capacitação contínua mantêm os profissionais atualizados e aprimoram a qualidade dos serviços prestados (Arredondo et al., 1996).
- Nas Comunidades: O engajamento comunitário fortalece a relação entre profissionais e clientes, promovendo intervenções mais eficazes e culturalmente relevantes (Palmer-Wackerly et al., 2014).
Os impactos dessa fase incluem o aprimoramento da prática profissional, maior satisfação dos clientes e o fortalecimento do tecido social através da promoção da inclusão e respeito à diversidade (Moodley & Ocampo, 2014).
Avaliação
A avaliação é essencial para medir a eficácia das políticas implementadas e identificar áreas de melhoria (Abad, 2017). Utilizando indicadores como melhorias na competência multicultural dos profissionais e aumento na satisfação dos clientes, é possível ajustar estratégias e garantir a continuidade dos avanços (Hall et al., 2016).
Na psicologia, a avaliação contínua promove uma cultura de excelência e aprendizagem. Na sociedade, assegura que os serviços prestados atendam às necessidades reais das populações diversas, contribuindo para a justiça social e redução de desigualdades (Royse et al., 2015).
Extinção ou Renovação
A fase final implica decidir sobre a continuidade das políticas com base nos resultados da avaliação. Dada a natureza dinâmica das identidades culturais e das relações sociais, a renovação contínua das diretrizes e práticas é essencial (APA, 2017).
A sustentabilidade dos impactos positivos depende da capacidade das instituições e profissionais de adaptarem-se a novas demandas e contextos. Isso promove uma psicologia que não apenas responde às necessidades atuais, mas também antecipa e se prepara para desafios futuros (Palmer & Parish, 2008).
Impacto Global na Psicologia e na Sociedade
A integração das fases do modelo de Secchi com a implementação das diretrizes multiculturais gera um impacto abrangente:
- Para os Profissionais: Desenvolvimento de competências avançadas, maior satisfação profissional e reconhecimento no campo (Sue et al., 2022).
- Para os Clientes: Acesso a serviços mais eficazes e culturalmente sensíveis, melhorando os resultados em saúde mental (APA, 2017).
- Para a Sociedade: Promoção da justiça social, redução de desigualdades e fortalecimento da coesão social (Palmer & Parish, 2008).
Apesar dos benefícios, há desafios a serem superados, como resistência à mudança, limitações de recursos e a necessidade de avaliação contínua (Royse et al., 2015). Abordar esses desafios requer compromisso e colaboração entre todos os stakeholders envolvidos.
As perspectivas futuras são otimistas, com a crescente conscientização sobre a importância da competência multicultural e a disponibilidade de frameworks como o modelo de Secchi para guiar a implementação eficaz de políticas (Secchi, 2014).
Conclusão
A crescente diversidade cultural nas sociedades contemporâneas apresenta desafios e oportunidades significativos para a prática da psicologia. A implementação das diretrizes multiculturais da APA, quando analisada através do modelo de políticas públicas de Secchi, revela-se não apenas necessária, mas também estratégica para promover uma prática profissional mais inclusiva, eficaz e socialmente responsável.
Evidenciou-se que a falta de competência multicultural entre os profissionais pode resultar em atendimentos inadequados, reforço de desigualdades e perpetuação de injustiças sociais. A aplicação do modelo de Secchi permitiu uma abordagem estruturada para identificar esses problemas, mobilizar os atores relevantes, formular e implementar estratégias eficazes, além de avaliar continuamente os resultados obtidos.
A integração das diretrizes multiculturais impacta positivamente tanto os profissionais quanto os clientes. Para os psicólogos, proporciona um aprimoramento das habilidades clínicas, maior satisfação profissional e uma prática alinhada com os princípios éticos de respeito e valorização da diversidade. Para os clientes e comunidades, resulta em um acesso ampliado a serviços de saúde mental de qualidade, culturalmente sensíveis e capazes de atender às suas necessidades específicas.
Além dos benefícios diretos, a implementação dessas diretrizes contribui para a promoção da justiça social, redução de desigualdades e fortalecimento do tecido social. Ao valorizar a diversidade cultural e promover a inclusão, a psicologia desempenha um papel crucial na construção de sociedades mais equitativas e harmoniosas.
É importante reconhecer que esse processo não está isento de desafios. A resistência à mudança, a limitação de recursos e a necessidade de avaliação contínua são obstáculos que exigem comprometimento e colaboração entre profissionais, instituições e comunidades. A superação desses desafios requer uma visão compartilhada da importância da competência multicultural e um investimento contínuo em educação, treinamento e políticas inclusivas.
As perspectivas futuras apontam para uma psicologia cada vez mais integrada com as demandas sociais, capaz de se adaptar às mudanças e contribuir efetivamente para o bem-estar individual e coletivo. A renovação contínua das práticas, sustentada por modelos teóricos sólidos como o de Secchi, assegura que a profissão permaneça relevante e responsiva aos desafios do século xxi.
Para concluir, a implementação das diretrizes multiculturais da APA, orientada pelo modelo de políticas públicas de Secchi, representa um avanço significativo na promoção de uma psicologia mais humana, ética e comprometida com a diversidade. É um chamado à ação para todos os envolvidos na área –desde profissionais em atuação até educadores e formuladores de políticas –para que juntos construam uma prática psicológica que reflita e honre a rica tapeçaria cultural de nossas sociedades.
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